Brasília, 55 anos, cidade em construção – Lago Paranoá

Formado artificialmente pelo represamento de diferentes cursos de água, o Lago Paranoá foi construído em 1959 para aumentar a umidade das áreas próximas. Com uma área de 38 km², o lago já passou por um processo de despoluição e hoje enfrenta problemas com a ocupação irregular de sua orla.




O lago é um importante espaço de lazer para quem mora na cidade. Dono de um clube de esportes náuticos, Marcello Morrone conta que sua empresa é procurada por pessoas que querem se divertir e praticar esportes na água, como a vela e o Stand Up Paddle (SUP).

Para ele, mesmo dentro dos limites da cidade, o lago proporciona um “desligamento” do corre-corre.

“Aqui, a cinco minutos da Esplanada dos Ministérios, a gente tem um ambiente com natureza totalmente preservada, com um monte de bichos, passarinhos. A gente consegue se desligar da cidade totalmente”, destaca.

Apaixonado por mergulho, o advogado Rodrigo Canalli vai pelo menos uma vez por semana ao lago.

“O Rodrigo que sai do mergulho é sempre um Rodrigo renovado. A cabeça volta diferente. É quase uma experiência de meditação”, relata.

Para Canalli, o lugar oferece um lazer democrático. “Perto da barragem do Paranoá, a gente percebe famílias e crianças em diversas atividades, até mesmo o banho. São tribos e grupos completamente diferentes que se misturam.”

Reportagem: Ana Cristina Campos e Michelle Canes
Fotos: Agência Brasil
Edição: Lílian Beraldo
Desenvolvimento: Pedro Ivo de Oliveira

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Brasília, 55 anos, cidade em construção – Juscelino Kubitschek

Em 19 de setembro de 1956, o presidente Juscelino Kubitschek sancionou a Lei nº 2.874, que fixava os limites do futuro Distrito Federal e autorizava o governo a instituir a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap).

No dia 2 de outubro do mesmo ano, acompanhado de pequena comitiva, JK embarcou para o Planalto Central para conhecer o local estipulado para a construção de Brasília. Poucos dias depois dessa viagem, foi estabelecido o prazo de três anos e dez meses para a construção da nova capital, inaugurada em 21 de abril de 1960. Cerca de 60 mil candangos (trabalhadores de todo o país) vieram para trabalhar na construção da nova capital.




Para o professor do departamento de história da Universidade de Brasília Celso Silva Fonseca, JK tinha uma personalidade empreendedora o que contribuiu para a construção de Brasília em tempo recorde. “Ele pensava [de forma] macro, em uma perspectiva de média duração e era bem articulado politicamente.”

Brasília, 55 anos, cidade em construção – Igrejinha Nossa Senhora de Fátima

A Igrejinha Nossa Senhora de Fátima foi a primeira capela de alvenaria inaugurada em Brasília, em 1958. Projetada por Oscar Niemeyer, foi a primeira obra na capital a contar com azulejos do artista Athos Bulcão – que revestem as paredes externas.

Construída em cem dias, foi erguida para pagar uma promessa da primeira-dama Sarah Kubitschek, feita pela cura de uma de suas filhas. A capela tem o formato de um chapéu de freira.


A jornalista Bruna Presmic, 32 anos, conta que realizou um sonho ao se casar na Igrejinha em maio do ano passado. Ela estudou na Escola Classe 308 Sul, que fica atrás da capela, e morou naquela região quando pequena.

“Sempre tive vontade de casar em um ponto turístico e queria que a igreja fosse pequena, intimista e bem colorida. As fotos do casamento ficaram maravilhosas. Além de ser linda, é a igreja mais presente na minha infância.”

Reportagem: Ana Cristina Campos e Michelle Canes
Fotos: Agência Brasil
Edição: Lílian Beraldo
Desenvolvimento: Pedro Ivo de Oliveira

Brasília, 55 anos, cidade em construção – Hotel Palace

Projetado por Oscar Niemeyer e com painéis do artista plástico Athos Bulcão, o Brasília Palace Hotel foi fundado em 1958 pelo presidente Juscelino Kubitschek.

Foi o primeiro hotel da capital federal e hospedou, segundo o governo do Distrito Federal, personalidades ilustres como a Rainha Elizabeth II da Inglaterra, o guerrilheiro Che Guevara e a ex-primeira-ministra da Índia Indira Gandhi. Foi fechado após um incêndio em 1978.

Por vários anos, o esqueleto do prédio às margens do Lago Paranoá chamou a atenção dos brasilienses. Depois de restaurado e recuperado, voltou a funcionar em 2006.




“O que me encanta no hotel é que é a primeira obra de estrutura metálica feita em Brasília que, logo em seguida, foi usada para fazer os ministérios. Era uma época em que o Brasil não usava estrutura metálica em suas obras. É um projeto moderno, tem Athos Bulcão, um jardim maravilhoso que dá para o lago [Paranoá]. É de uma elegância concisa”, destaca a jornalista Conceição Freitas.

Reportagem: Ana Cristina Campos e Michelle Canes
Fotos: Agência Brasil
Edição: Lílian Beraldo
Desenvolvimento: Pedro Ivo de Oliveira

Brasília, 55 anos, cidade em construção – Gírias

“Mó legal”, para dizer que algo é muito legal, “pardal”, para se referir ao radar de trânsito e “bloco”, para um edifício.

Se você é de Brasília ou vive aqui, deve ter essas expressões no seu vocabulário. Não é possível dizer que elas nasceram aqui ou que são exclusivas da capital, mas já fazem parte do modo de falar dos brasilienses. O jornalista baiano Marcelo Torres ficou tão curioso com as palavras usadas na cidade que escreveu um livro sobre o tema.

“Tem o ‘xô te falar’ [deixa eu te falar], ‘xô te perguntar’. Outra coisa difundida entre os adolescentes é o ‘tipo assim’ [do tipo], o ‘véi’ [forma de tratamento entre amigos], e o ‘mó’. Esse ‘mó’, de maior, é uma coisa bem típica daqui”, explica Torres.




Outra curiosidade é o sotaque do brasiliense. Afinal, ele existe? A professora do Departamento de Métodos e Técnicas da Universidade de Brasília (UnB) Stella Maris Bortoni explica que, apesar de a cidade ter  atraído muitas pessoas de outras regiões, a fala do brasiliense não é marcada por um sotaque.

“Temos uma característica interessante porque a gente não percebe traços de outras regiões. Não há nada na fala, no ponto de vista da acústica fonética, que marque como de outra região. O que marca é a ausência de traços das outras regiões. Pode perceber alguma marca, mas é sutil.”

Segundo a professora, as pesquisas sobre linguística mostram que o brasiliense ainda não tem um falar próprio. “A cidade só tem 55 anos e isso leva 3, 4, 5 gerações.”

Reportagem: Ana Cristina Campos e Michelle Canes
Fotos: Agência Brasil
Edição: Lílian Beraldo
Desenvolvimento: Pedro Ivo de Oliveira

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