O projeto urbanístico de Lucio Costa para a nova capital tinha como base a ideia de quadras, compostas por 11 edifícios de seis pavimentos sobre pilotis. Cada conjunto de quatro quadras formaria uma superquadra, unidade de vizinhança provida de equipamentos de serviços e comércio para a comunidade que vivia na região.
Em 1987, aos 27 anos, Brasília recebeu da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) o título de Patrimônio Cultural da Humanidade. A cidade foi o primeiro sítio urbano contemporâneo inscrito na lista de patrimônio mundial da organização.
“Brasília tem uma concepção urbanística inovadora, arrojada. Com a concepção arquitetônica do Niemeyer, esse conjunto trouxe para o plano urbanístico de Brasília os princípios do movimento moderno e deu materialidade para esses princípios coroando um processo de interiorização do país”, explica a coordenadora de Cultura da Unesco, Patrícia Reis.
Hoje, 28 anos depois, a cidade ainda vive um processo de crescimento e, para que seja preservada, a Unesco e os governos trabalham pela manutenção do patrimônio. A Unesco realiza missões de monitoramento e faz proposições.
Patrícia conta que recentemente foi assinado um acordo de cooperação entre o governo federal e o Distrito Federal para o estabelecimento de estratégias comuns para a preservação da cidade.
“Essa era uma recomendação recorrente das missões de monitoramento da Unesco. Demonstrar capacidade e vontade política do governo federal e do governo do Distrito Federal de estabelecerem juntos os instrumentos de gestão do patrimônio cultural. Esse é o melhor presente que a cidade poderia ganhar nos seus 55 anos”, avalia.
Reportagem: Ana Cristina Campos e Michelle Canes
Fotos: Agência Brasil
Edição: Lílian Beraldo
Desenvolvimento: Pedro Ivo de Oliveira
“Nunca houve um casamento tão feliz entre urbanismo e arquitetura”, avalia o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Distrito Federal, Carlos Madson, sobre a importância de Oscar Niemeyer e Lucio Costa para construção de Brasília.
“É impossível a gente dissociar a arquitetura de Niemeyer do projeto urbanístico de Lucio Costa”, completa.
Brasília é marcada por grandes prédios públicos que levam a assinatura de Niemeyer. O Congresso Nacional, os palácios da Justiça, do Planalto, da Alvorada, os ministérios e a Catedral Metropolitana estão entre as obras mais significativas.
“Ele está seguramente entre os cinco maiores arquitetos do mundo de todos os tempos. É reconhecido internacionalmente e definiu um estilo arquitetônico. A grande contribuição do Oscar Niemeyer, além da sua arquitetura em si, é que ele conseguiu uma perfeita integração com o urbanismo de Lucio Costa”, avalia Madson.
O projeto urbanístico de Costa, que foi vencedor em 1957 do concurso para o Plano Piloto da nova capital do país, agradou pelo conceito inovador de cidade horizontalizada, na contramão do que se praticava nas grandes cidades brasileiras, segundo o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil.
Reportagem: Ana Cristina Campos e Michelle Canes
Fotos: Agência Brasil
Edição: Lílian Beraldo
Desenvolvimento: Pedro Ivo de Oliveira
Segundo o Arquivo Público do Distrito Federal, o Núcleo Bandeirante foi criado em 1956 com a chegada dos primeiros pioneiros. A região foi a primeira cidade-satélite do Distrito Federal e, naquela época, era chamada de Cidade Livre.
Aos 71 anos, Catarina do Nascimento conta que a situação financeira da família fez com que ela saísse de Anápolis (GO), em 1957, com a tia e a irmã em busca de trabalho na capital federal.
“Tivemos um período aqui muito difícil, não tinha energia. Água, a gente buscava da bica. Para lavar roupa, tinha de ir no córrego. No tempo de poeira, era só poeira que cobria tudo. Na época de lama, era só lama.”
Ainda assim, ela afirma que sempre gostou de morar na cidade. “Era uma época muito boa, o povo respeitava a gente, se você precisava de uma ajuda, sempre tinha gente.”
Dona Catarina viu Brasília crescer, acompanhou a construção da capital e viu também a transformação do Núcleo Bandeirante. Morou em outros lugares, mas acabou voltando para lá.
“A gente conhece todo mundo, bate papo com os vizinhos, não falta nada de comércio. Para mim, é a melhor cidade de Brasília para morar”, conta Catarina que viu os filhos crescerem na cidade. Para que o local fique ainda melhor, ela acredita que falta um pouco mais de atenção por parte dos governantes.
“Não tem calçamento, tem lixo na rua, isso também depende muito do povo. Sinto que o Núcleo Bandeirante é muito desprezado pelos políticos.”
Reportagem: Ana Cristina Campos e Michelle Canes
Fotos: Agência Brasil
Edição: Lílian Beraldo
Desenvolvimento: Pedro Ivo de Oliveira
Inaugurado em 15 de dezembro de 2006, o Museu Nacional do Conjunto Cultural da República virou, em pouco tempo, um espaço de encontro do brasiliense e de quem mora na cidade. Para o poeta Nicolas Behr, o museu “é um espaço que pegou”. Ele destaca o potencial do local que abriga shows e grandes eventos na capital. Durante os finais de semana, skatistas ocupam a grande área cimentada com suas manobras.
“Só sinto falta de árvores ali. Aquele calçadão, aquela coisa árida, bem Niemeyer, podia ter árvores. Falta humanizar. Mas é um grande espaço, é perto da rodoviária, de acesso fácil. Brasília precisa mais desse tipo de espaço. Mostra que o brasiliense tem sede de encontro”, destaca o poeta.
O Museu Nacional do Conjunto Cultural da República é obra do arquiteto Oscar Niemeyer e fica localizado na Esplanada dos Ministérios.
O Conjunto Cultural da República é composto pela Biblioteca e pelo Museu Nacional, idealizados por Lucio Costa e previstos desde o final da década de 1950. Com obras iniciadas em 1999, o Museu Nacional representa uma síntese arquitetônica da modernidade que compõe os monumentos da Esplanada, segundo a Secretaria de Cultura do Distrito Federal.
Reportagem: Ana Cristina Campos e Michelle Canes
Fotos: Agência Brasil
Edição: Lílian Beraldo
Desenvolvimento: Pedro Ivo de Oliveira