Continuação da Parte 1
O início da vida profissional do professor Jorge Rodrigues
O seu primeiro emprego, depois daquelas aventuras já conhecidas, foi na empresa Mangal Agroindustrial S.A, em Bom Jesus da Lapa, que tinha como sócio presidente o Sr. Lamartino Roriz, pai do Dr. Aydano Roriz, atual proprietário do hotel Barra Laser, na cidade da Barra-Ba, e dono de uma das maiores editoras do país (Editora Europa).
O Sr. Lamartine foi para Jorge muito mais do que um patrão, um verdadeiro pai, por conta das lições de vida que lhe passou e do carinho que lhe dispensava, aliás, morreu lhe chamando de filho.
Nesta empresa, que Jorge começou como contínuo saiu como gerente do setor agrícola, ainda com 23 anos de idade, quando assumiu a responsabilidade de gerir a sede rural da empresa, com 80 colonos.
“O presidente da empresa, por medida de segurança, adquiriu com registro (porte arma), um rifle e um revólver 38, para uso do dia a dia nas atividades da fazenda. Graças a Deus nunca precisei utilizar aquelas armas, pois a minha grande arma sempre foi o uso da palavra, carregada de fé e respeito. Assim administrei aquela fazenda, por dois anos sem nenhum atrito com ninguém”.
Em função da satisfação do presidente e da sua relação com Jorge, que tinha no início o salário de Cr$ 100,00 (o salário mínimo era Cr$ 98,40), sabendo um dia que ele passava grandes dificuldades subiu seu salário espontaneamente para Cr$ 150,00.
A mudança para a sede agrícola lhe permitiu dobrar o salário, ainda com casa e comida, um carro na porta e lancha no rio, para suas atividades e ainda um salário de Cr$ 150,00 para Dona Eurídice que já era professora formada e ensinava para as crianças da fazenda e os adultos do quilombo até hoje conhecido como Quilombo do Mangal.
Esse relacionamento e os salários deram origem a uma manifestação de ciúmes do genro do presidente que procurava todos os meios de desgostar Jorge, para que ele fosse embora.
“Diante dessa situação, pedi demissão e fui embora, porque não vale a pena brigar. Tem muita coisa boa para a gente fazer, tantas bandeiras para defender e eu não via a necessidade de brigar com ninguém”.
Ao tomar conhecimento da sua decisão, o presidente da empresa lhe pediu de todas as formas para não ir embora, chegando até a chorar, mas a sua decisão de viver em paz falou mais alto.
Logo que saiu deste emprego, foi convidado pela gerência regional da Codevasf, que na época se chamava Suvale, para assumir a contabilidade do escritório regional do Formoso de Coríbe/BA, vizinho a Santa Maria da Vitória-Ba, onde fixou residência.
Todos os dias, às 5hs da manhã, o professor Jorge Rodrigues já estava de pé, subia em uma carroceria de caminhão e viajava 27 km, tomando vento na cara, para trabalhar no escritório da Codevasf, no Formoso.
Levava sua comida em marmitas, até que foi convidado pelo casal José Rodrigues (telegrafista da Codevasf) e Dona Adir, diretora da escola local para a partir daquela data almoçar com eles. Em contrapartida, já que o casal não lhe cobrava nada, levou para sua casa uma cunhada do casal (Zélia), que era estudante em Santa Maria da Vitória e colega da sua esposa.
Neste período, sua vida começou a mudar, pois o salário era em torno de 7 mínimos, o que era bastante significativo para a época.
Ficou neste emprego apenas um ano, quando então surgiu a ordem para que todos os contratados fossem demitidos.
Dr. Ademi, então gerente do escritório regional da Codevasf, convocou os funcionários graduados para se cotizarem, fazendo um salário proporcional para Jorge, com objetivo de mantê-lo na empresa.
Bastante emocionando com aquele gesto, Jorge agradeceu o sacrifício dos amigos e preferiu sair para começar vida nova:
“Eu fiz a opção de gerir minha vida por conta própria, pois já estava com 24 anos de idade. Se não conseguisse nada, até os 35, aí sim, eu me contentaria em ser empregado. Foi aí que tomei a decisão de montar um escritório de contabilidade em Santa Maria da Vitória, em parceria com Zeca Borba, funcionário graduado do Baneb e um velho amigo do meu irmão Gilberto”.
A coisa começou dar certo e nós nos juntamos com Martinho Neto Leite, um grande companheiro, que também já era sócio de Zeca Borba, no mesmo ramo”.
Uma intuição forte o trouxe para Irecê
Embora não esperasse, o trabalho desempenhado na Codevasf, que por várias vezes foi merecedor de elogios do poder central do Rio de Janeiro, começou a surtir os seus efeitos. Daí compreendeu o porquê do esforço do Dr. Ademi em segurá-lo no emprego.
Ele recebeu surpreendente convite do Dr. Raimundo Afonso Bonfim de Oliveira, chefe da Suvale, atual Codevasf, em Irecê. O convite era para que Jorge viesse para Irecê de alguma forma. Manifestou inclusive a disposição de colocá-lo na Suvale ou na Irmatel, empresa de material de construção que ele estava montando.
Jorge que já se encontrava no seu escritório em avançado estágio de crescimento, não tinha nenhuma pretensão de sair de lá. A surpresa veio por intermédio do rádio das Indústrias Coelho, que era o meio mais rápido de comunicação. Lá do outro lado das ondas estavam Dr. Raimundo e o Sr. Cambuizinho.
Feito os primeiros contatos, Cambuizinho manifestou interesse que Jorge viesse para Irecê para resolver o problema da contabilidade de seu escritório que estava com dois anos de atraso.
Jorge quis saber como é que tinham obtido informações sobre ele e Dr. Raimundo disse que era o gerente da Codevasf e já conhecia a sua história e capacidade de trabalho, por isto queria o seu trabalho em Irecê.
Jorge pediu um tempo e foi conversar com seu pai, Chiquinho da Mata, contando-lhe do convite e do seu interesse. Seu pai e sua mãe ficaram assustados, achando que Irecê era o fim do mundo.
Jorge que já havia deixado a Codevasf, para apostar suas fichas no futuro, viu o convite como uma grande perspectiva de crescimento e começou a pensar no novo desafio. Estava realmente contagiado pela ideia de vir para Irecê, mesmo sem conhecer ninguém.
Uma coisa foi decisiva e Jorge não tem vergonha de contar. Trata-se da influência das superstições herdada das premonições de sua mãe que costumava traduzir sonhos, colocando entre eles algumas pessoas que trazia influências positivas e também negativas.
Na véspera da sua decisão, ele teve um sonho com a pessoa considerada por sua mãe de maior influência positiva, a qual lhe dava em linhas gerais as boas vindas ao novo desafio. Aí Jorge aceitou o convite.
Muito esperançoso e confiante na sua qualidade profissional, Jorge veio conhecer Irecê, trazendo em sua companhia o pai do Dr. Raimundo. Vieram de avião até Xique-Xique. Lá estava a sua espera o Senhor Jamir, amigo de Raimundo e hoje também seu amigo, que os conduziu até Irecê, a bordo de um corcel verde, de propriedade do Dr. Raimundo.
Era 15 de agosto de 1973, a Estrada do Feijão estava sendo construída e havia muitas máquinas e trabalhadores no alto, vindo de Presidente Dutra. Então aconteceu outro fato marcante na vida do professor Jorge Rodrigues. Quando viu Irecê, sentiu uma grande emoção, uma sensação muito forte e estranha, uma força que até hoje ele não sabe explicar.
Sentia como se uma voz vinda do seu interior insistia para que ele pedisse alguma coisa. O seu corpo tremeu bastante e quando conseguiu dominar a emoção ele disse para si mesmo “Meu Deus, faça com que eu tenha dignidade, fé e esperança para fazer um trabalho descente, honesto e vencer sempre em nome do Senhor. Foi só isso que me ocorreu naquele instante”.
MAIS
Biografia professor Jorge Rodrigues – Parte 3
Biografia professor Jorge Rodrigues – Parte 1
Biografia professor Jorge Rodrigues – Parte 5
Biografia professor Jorge Rodrigues – Parte 4
Biografia Dr.Paulo Heber – terceira parte
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