Como ter sonhos lúcidos? Carlos Castaneda responde

Como ter sonhos lúcidos é uma pergunta que muitos fazem diariamente, sobretudo aquelas pessoas estão com a mente aberta para novos conhecimentos.

O mundo é cheio de mistérios e a mente humana parece que tem mais mistérios do que o mundo inteiro.

Você pode aprender uma técnica simples neste artigo. Eu já a usei algum tempo no passado e funcionou.

“As condições de um pássaro solitário são cinco:
Primeiro, que ele voe ao ponto mais alto;
Segundo, que não anseie por companhia, nem a de sua própria espécie;
Terceiro, que dirija seu bico para os céus;
Quarto, que não tenha uma cor definida;
Quinto, que tenha um canto muito suave.”
(San Juan de la Cruz, Dichos de Luz y Amor)

Vivendo na selva, alguns isolados do homem branco, outros em contato permanente, os índios, estes maravilhosos irmãos nossos, sempre exerceram em mim um fascínio quase sobrenatural.

A princípio admirava-os, mas também temia-os. Talvez todo meu temor infundado tivesse originado nos ensinamentos de alguns de meus professores, bem como na leitura de alguns livros, que mostravam os índios como bichos que só sabiam falar e matar. Apenas isso: falar e matar.


Desde quando comecei a ler livros, sempre dava preferência a aqueles que mostravam a selva e seu mundo oculto, sobrenatural e como ter sonhos lúcidos.

O mesmo se aplicava aos filmes de minha escolha. Só que nestes filmes e nestes livros, era comum eu ver ou eu ler cenas dantescas, onde terríveis índios canibais capturavam alguns infelizes que se perdiam nas selvas.

Os infelizes, no caso, eram pesquisadores, ou bandeirantes aventureiros, que por uma sina do destino, eram pegados, amarrados, e após um ritual de arrepiar todos os cabelos, eram assados e comidos pelos selvagens indígenas.

Mas estas imagens distorcidas da realidade, foram esvaecendo da minha mente, à medida que fui tomando consciência do quanto eram falsas.

Descobri que os chamados selvagens não eram tão selvagens, não andavam por aí a caça do tão indigesto homem branco. Muito pelo contrário. Viviam na mais absoluta harmonia e amavam a natureza.

Tiravam seus remédios das plantas. Só matavam um animal, para sua sobrevivência. E mesmo durante o sacrifício dum animal, costumavam pedir desculpas a   pobre vítima, antes de matá-la. Jamais matariam um animal pelo simples prazer de matar ou em nome de um esporte qualquer.

Os chamados civilizados os rotularam de selvagens, comedores de gente (é verdade que há canibais entre algumas tribos, como há canibais entre alguns de nós) apenas para justificarem a matança indiscriminada.

Milhares, senão milhões de índios já foram mortos, como se fossem animais e portanto, indignos de constarem das estatísticas. Só aparecem nelas (há exceções) quando se tornam “animais” extintos.

A partir do momento em que comecei a fazer um curso de shiatsu, aqui em Irecê-Bahia, ministrado por Vitória Régia, uma fisioterapeuta devoradora de livros, passei a me interessar e a pesquisar tudo sobre bioenergias, fenômenos paranormais, hipnose e saber como ter sonhos lúcidos.

O shiatsu é uma técnica oriental de massagens, cuja função principal é desobstruir os canais de energia existentes em nosso corpo. Tal energia enche o universo e percorre nosso corpo, como o rio percorre seu canal, seu curso. Só que tanto o rio, quanto nós, as vezes estamos obstruídos. É aí que entra o terapeuta massagista, cujos toques chegam mesmo a produzir milagres.

Nosso corpo está mais para ser um sistema energético, do que para um sistema de tecidos, ossos e células (massa). Tanto o médico holístico, quanto os feiticeiros indígenas, tratam o corpo como energia e massa ao mesmo tempo. Refiro-me à energia orgônica, assim chamada por Wilhelm Reich, psiquiatra e naturalista, também conhecida por Chi, mana, prana, Inata, Força Vital, etc.

E é por meio da manipulação desta energia, o que se consegue com rigoroso treinamento (algumas pessoas já nascem como o dom), que todos os fenômenos paranormais, entre eles, caminhar sobre brasas, curas, telepatia, viagens fora do corpo, são efetuadas.

Os índios, sobretudo os yaquis, do Peru, foram os que mais dominaram estas energias, e mais perfeitamente desenvolveram técnicas para que qualquer pessoa possa dominá-las também.

Por intermédio dos livros de Castanheda ou Castaneda, como muitos costumam dizer, entrei nas selvas peruanas, e conheci, entre muitos outros, os índios yaquis, Dom Genaro Flores e Dom Juan Matus. Dom Juan foi o principal instrutor de Carlos Castaneda, autor de A Erva do Diabo.

O índio ensinou-lhe técnicas fascinantes para dominar e manipular pela vontade, a energia, que preenche o universo e como ter sonhos lúcidos. Tais técnicas se encontram em seus muitos livros, e são mais avançadas e mais práticas do que as ensinadas no best-seller A Profecia Celestina.

Fiz um apanhado das principais técnicas descritas nos livros de Castanheda, e transmito-as para o leitor que quer saber como ter sonhos lúcidos. São fáceis de serem praticadas.

São de grande simplicidade, mas de incomensurável valor.  Creio que do mesmo modo que obtive resultados espetaculares praticando-as, o leitor ou leitora também obterá. Vale a pena, portanto, exercitá-las, sem se preocupar com resultados imediatos.

Atenção Tonal e Atenção Nagual

Antes de falar da técnica, mencionarei alguns aspectos importantes no que se refere a nossa atenção. Para os índios nossa atenção pode ser Tonal e Nagual. Eles consideram que tanto o Tonal quanto o Nagual estão em tudo.

No entanto, enquanto que o Tonal pode ser percebido por todos os seres humanos, o Nagual só pode ser percebido por pessoas treinadas, os chamados feiticeiros, ou guerreiros.

Considerando isso, para os indígenas existe uma diferença entre “olhar” e “ver”.  Olhar é perceber o tonal que está em tudo.  Mas “ver” consiste em avistar o Nagual que está também em tudo, só que imperceptível para milhões de pessoas.

Segundo Dom Juan, o mestre de Carlos Castaneda, a “atenção tonal” é a capacidade inerente a todos os seres humanos de situar sua consciência no cotidiano e é denominada como “nosso primeiro círculo do poder”.

Visto que aparece muito cedo, este círculo faz as pessoas viverem sob a impressão de que aquilo é só o que há em nós. Por outro lado, a “atenção nagual” é a capacidade que só os feiticeiros tem de situarem sua consciência no mundo invisível.

O domínio desta capacidade é chamado de “nosso segundo círculo do poder”, e é inata a todo ser humano. Só os que se conscientizam dela, no entanto, e fazem algum treinamento, são capazes de usá-la a vontade.

O treinamento mais prático para desenvolver a “atenção nagual” ou “nosso segundo círculo do poder” ou ainda nossa “segunda atenção” consiste em desenvolvermos a capacidade de sonhar.

Dom Juan ensinou a Castanheda uma técnica muito fácil de ser usada, mas que envolve uma grande persistência por parte de quem quer dominá-la. Aliás, tudo na vida exige um certo esforço, dedicação e disciplina.  Portanto, para desenvolvermos nosso “segundo círculo de poder “não seria exceção.

Mas todo esforço gasto será pouco em vista das recompensas que obteremos, após dominarmos a técnica, enfim, saber como ter sonhos lúcidos.

Como ter sonhos lúcidos

Ponha suas mãos em frente ao seu rosto e observe-as bem. Quando você deitar para dormir, torne a olhá-las e determine-se a procurar estas suas mãos no sonho.

A princípio, é bem provável que você tenha uma certa dificuldade em encontrá-las, mas durante algum tempo, com toda certeza você conseguirá observá-las com nitidez, durante seus sonhos.  Algumas pessoas conseguirão isso em menos tempo do que outras.

As mãos, instrumento principal do treinamento daqueles que almejam desenvolver sua “segunda atenção”, poderiam ser substituídas por qualquer um outro objeto.

Você então se determinaria a procurá-lo no seu sonho. No entanto, a vantagem de procurar as mãos no sonho, consiste no fato das mãos estarem sempre presentes, independentemente do tempo e do espaço em que você se encontre durante seus sonhos.

Tão logo o sonhador encontrar suas mãos no sonho e olhá-las, perceberá que elas começam a mudar de forma poucos instantes após serem observadas. Então o sonhador deve desviar os olhos das mãos e olhar para outras coisas que estão a sua volta. Depois volta a olhar para as mãos e assim sucessivamente.

Cada vez que o sonhador olhar para as mãos estará renovando seu poder para sonhar, sua “segunda atenção” ou seu “segundo círculo de poder”.

Enfim, primeiro olhe para suas mãos como ponto de partida. Depois olhe para outras coisas, de relance, focalizando o máximo de coisas possíveis. Olhando rapidamente as imagens não mudam de forma.

Depois volte a olhar para as mãos, e quando estas começarem a mudar de forma, olhe novamente para outras coisas. Se você permanecer olhando continuamente para uma mesma coisa, será absorvido por ela e perderá a consciência.

Depois deste treinamento, o aspirante a sonhador, deve encontrar objetos específicos em seus sonhos, tais como prédios, ruas, etc. Depois treina a sonhar com determinados lugares em determinadas horas do dia. Para isso o sonhador deve obrigar-se a mover-se para outros lugares. Inicialmente estabeleça um local aonde ir, de preferência um local conhecido, a casa de um amigo, por exemplo e obrigue-se a ir até lá.

O treinamento termina quando a “atenção do nagual” focalizar sobre o todo.

Para um guerreiro, um feiticeiro, ou qualquer um de nós que desejar dominar estas técnicas, sonhar é um dos caminhos do poder, e se torna real, porque o sonhador pode escolher ou recusar, dentre uma variedade de itens aqueles que o levariam ao poder.

Após escolher um determinado item, o sonhador manipula-o e utiliza-o em seu próprio benefício. No sonho comum, entretanto, o sonhador está impossibilitado de realizar tais metas, porque está desprovido da “segunda atenção” ou da consciência de que está sonhando. E assim não pode manipular nada, nem usar nada em seu próprio benefício, porque é manipulado pelas circunstâncias, e levado dum lado para outro, como se fosse uma marionete.


Finalmente, sonhar permite a aquele que domina a técnica modificar as coisas, descobrir fatos ocultos, controlar o que quiser. O sonhar se torna então real, quando a pessoa aprende a focalizar tudo, e atinge tal perfeição, que não há diferença entre o que se faz quando está dormindo e o que se faz quando não está dormindo. Você mesmo é um sonho que seu sósia está sonhando! Todos devemos saber como ter sonhos lúcidos.


Carlos Castanheda escreveu vários livros que falam sobre o tema abordado neste artigo, entre os quais: A Arte de Sonhar (Editora Nova Fronteira), Viagem a Ixtlan (Editora Record), Porta para o Infinito (Editora Record), O Fogo Interior (Editora Record) e O Segundo Círculo do Poder (Círculo do Livro) e outros sonhos lúcidos livro que podem ser encontrados em várias livrarias.

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