Continuação da Parte 1
Zé das Virgens e os movimentos artísticos
Zé das Virgens iniciou seus estudos em São Gabriel. Na primeira escola que frequentou, sentava-se em um tamborete e cruzava as pernas, enquanto ouvia atentamente sua professora Valdete. Mais tarde foi estudar em Inhambupe, com seu irmão Reginaldo (Regis), o qual faleceu em 1986, em um trágico acidente envolvendo uma Toyota e um Opala.
Os dois ficaram em Inhambupe somente um semestre e decidiram voltar. Zé das Virgens foi estudar na escola da professora Lurdinha, filha de Olívio. Em seguida, foi para o CNEC e, enquanto cursava a 8ª série, aos 12 anos de idade, começou a tocar na banda da escola. Foi nessa época que começou a se interessar pela política e pela arte.
Nesse período, juntou-se com vários colegas e fundaram o conjunto musical “Os Garotos”, utilizando instrumentos fabricados artesanalmente por Israel. Um dos instrumentos, a bateria, era tocada por Zé das Virgens, que às vezes cantava também junto com Marino, Ivan, Ney, Ivon (Dr. Ivon) e Niquinho.
Integrou também a banda “Júpiter” como percussionista e atuou como ator principal na peça teatral inspirada na música “Imagine”, de Jonh Lennon, sob a direção de Fátima Oliveira, presidente da APLB, sindicatos da região de Irecê e Hildete dos Anjos, mestra em Pedagogia.
A partir de então se inseriu no segmento cultural, compondo músicas, fazendo poesias e participando de peças. Teve forte atuação nos movimentos artístico-culturais da região, entre eles a Semarc – Semana de Arte e Cultura, do grupo Nascerarte, cujo objetivo era resgatar os talentos da Terra e a Cantoria de São Gabriel, uma das maiores do Brasil, que sempre contou com a sua participação desde o início.
Trajetória política
Começou suas atividades políticas em São Gabriel, aos 16 anos. Quando ingressou na Esagri, em Irecê, em 1979, ajudou a organizar a primeira passeata estudantil, ao lado de Mauricio Miranda e Zé Ângelo, entre outros. Na época, o prefeito era Joacy Dourado e a esposa dele, Eneida era a diretora da Escola.
Joacy se manteve uma pessoa extremamente democrática, segundo Zé das Virgens, pois apesar das divergências tidas com diretora, da Esagri, não houve nenhuma repressão.
O antigo MDB de Irecê contou com a ajuda de Zé das Virgens, no início de sua fundação. Era o partido, naquela época, que abrigava todos os segmentos da esquerda.
Além disso, foi um dos fundadores do PT de Irecê, em 1980, mesmo ano que o Partido foi criado em São Paulo. Foi em 1980 que instalou a primeira Comissão Provisória do Partido dos Trabalhadores na cidade.
A comissão saiu após uma reunião feita no Salão Paroquial, entre seus membros estavam: Maurício Miranda, Goia (advogado), Osvaldo, Jossivaldo, Gerivaldo, Dr. José Domingos Machado, entre outros: “O PT veio para mim como um amor à primeira vista”.
“Apesar da violência institucional, da corrupção, da perseguição e da tortura, existentes na época da minha infância e adolescência, fui um dos militantes para a redemocratização do País”.
“Sempre pensei no bem, na coletividade, na reforma agrária e no direito de todas as pessoas de ter condições de morar, produzir, estudar e divertir, por isso entrei no PT, em 1980”.
O PT nasceu no início da redemocratização do País, lembra Zé das Virgens, com a liberação para formação dos partidos. Veio dos cortadores de cana, dos operários, dos artistas e dos intelectuais.
Um dos motivos para Zé entrar no PT foi o fato de se tratar de um partido humanitário que defendia os pobres, os trabalhadores.
Poucos anos depois de ter entrado no PT, começou a enfrentar os pleitos eleitorais, sem medo de perder. Ele confiava que um dia seria bem sucedido. As derrotas serviriam como lição, como aprendizado no seu aperfeiçoamento político.
Em 1986, foi candidato pela primeira vez a deputado estadual, sendo o mais jovem da Bahia, naquela época.
Em 1988, candidatou-se a prefeito em São Gabriel. Em 1990, foi novamente candidato a deputado estadual.
Em 1992, tenta a vereança em Irecê. Em 1994, mais uma tentativa para deputado estadual e veio mais uma derrota.
Mesmo assim, nunca pensou em desistir. Em 1996, o PT fez seu primeiro vereador, em Irecê, Celson Cambuí. Dois anos depois José das Virgens foi eleito o primeiro deputado estadual do PT, na região, com mais de 17 mil votos. Em 2002, foi reeleito. Uma vitória com 29 mil e 24 votos.
Algumas reflexões sobre política
“Eu sempre tive medo da repressão, da covardia, pois no auge da ditadura militar, era criança e fui um adolescente na época da ditadura. Naquela época a gente tinha medo até de vacina, imagine de polícia. Se naquele tempo existia a violência militar, hoje existe a violência social”.
“Queremos participar das eleições em todos os municípios da região, inclusive aqui em Irecê. O meu nome está aí à disposição para cumprir a tarefa que o partido e a população determinar”.
“A cultura política precisa mudar. Precisamos de comida e emprego todos os dias e esses desafios não são feitos de uma hora para outra”.
“Eu não aconselho ninguém a ter que passar pelo que passei para ser candidato a alguma coisa”.
“As pessoas querem um candidato que seja conhecido e que elas possam tocar, possam falar. Neste ponto eu tenho história”.
“Os melhores comícios de Lula, um foi em Irecê, em 1998, quando esteve aqui, junto com Miguel Arraes. O outro foi no Rio Grande do Sul”.
“Os deputados de oposição não estão sendo tratados como nos trataram na legislatura 1999/2002. Agora estão tendo o valor de um deputado e suas ideias são respeitadas”.
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