Continuação da Parte 3
A força que vem das perseguições
Beto Lelis diz que a força que o mantém vivo e forte, nos momentos de maiores perseguições, vem de Deus. Ele representa a sua força de espírito, sua determinação e seu desejo de vencer, uma de suas características: “Deus representa o meu falar, o meu caminhar, o meu ouvir e também esta força que me torna capaz de tudo. A força da mulher maravilha vinha do laço, a do super-homem, vinha da capa e de sua origem em Kripton. A força de Sansão não vinha de seus cabelos, vinha de Deus. O cabelo era o símbolo de que a força vinha de Deus. A minha força também vem de Deus. É aquela que é a origem da força de Sansão, da sabedoria de Salomão e da determinação de Davi e por aí a fora”.
“Você tem duas formas de manter contato com Deus: uma é dirigindo-se a ele através da oração, e isso eu faço quotidianamente, e a outra permitir que ele dirija a você, através da leitura das Sagradas Escrituras. Quando lemos a Bíblia, Deus fala conosco, quando oramos nós falamos com Deus”.
Extremamente religioso, costuma praticar o culto doméstico em sua casa e diz falar com Deus através da Igreja e dos cultos domésticos. Fala também no dia a dia, quando está trabalhando, quando está na roça, dirigindo ou fazendo qualquer outra atividade: “Sempre orando, realizando a sua santa e boa vontade, não praticando atos que lhe contrarie e assim por diante, porque pode vir o castigo”.
Não tenho inimigos, tenho adversários
Beto Lelis diz que não têm inimigos e sim adversários e que não sente nenhum prazer em derrotá-los; não guarda mágoas e leva mais a coisa na base da brincadeira, da sátira e da ironia, jamais com ódio ou rancor. Mas na hora em que vê a necessidade de dar respostas duras, para se fazer compreender melhor, assim o faz.
“Agora eu quero dizer que privilégio, alegria, felicidade quando obtenho uma vitória, essa daí é imensurável e nisso não há nenhuma contradição, nenhum paradoxo. E às vezes até me compadeço: pôxa que pena que eu tive que lhe imputar esta derrota! E quantas vezes, alguém já me ouviu, depois de assim dizer, fazer uma correção: se bem que não fui eu foi o povo que o derrotou. Foi Deus quem consentiu que eu fosse vitorioso e o povo me agraciou com mais um título”.
Se tivesse oportunidade e se dependesse dele, poderia até existir um clima de rivalidade, mas não de inimizade: “Se dependesse de mim, eu acredito que não teria nenhuma divergência no campo pessoal. Questões políticas, são questões políticas e questões pessoais, são questões pessoais. Mas, às vezes, as pessoas misturam os pés pelas mãos e um relacionamento político acaba sendo rompido, acaba sendo prejudicado pelo fato de não saber discernir tais situações”.
As vitórias que mais deram prazer a ele
A vitória em Ibipeba, ainda que seja uma cidade menor, foi a que lhe deu mais prazer, pois em Irecê já era uma espécie de político tarimbado, que já fora prefeito e deputado federal:
“Até eu mesmo imaginava que poderia fazer tal façanha, abençoado por Deus, e conduzido pelo povo. Mas Ibipeba era uma situação atípica. Eu nunca havia me candidatado a nada, nunca havia exercido um mandato eletivo, fosse de vereador, deputado ou de prefeito, em todos os níveis era um marinheiro de primeira viagem. Os adversários me consideravam um louco, um iludido, que ia ser derrotado”.
Então veio a consolidação, naquela noite de 17 de novembro de 1988, dois dias depois do pleito de 15 de novembro. A sentença saiu em Barra do Mendes e foi, para ele, do ponto de vista político a maior alegria que já aconteceu em sua vida.
Em Irecê, a alegria da reeleição foi maior para ele, do que a da eleição. É que as circunstâncias eram outras. O Governo do Estado jogando pesado, a violência sendo praticada, as pessoas receosas de saírem às ruas para votar: “Em determinado momento eu dizia: se as eleições forem livres nós teremos três ou quatro mil votos de frente. Já que Deus é misericordioso e o povo é corajoso, poderá sobrar cem ou duzentos votos. Não deu outra: sobraram duzentos e oitenta e um de frente. Aí a alegria foi até maior do que a primeira, aqui em Irecê, porque você esperava que aconteceria, como de fato aconteceu”.
Na opinião de Beto, cada uma de suas vitórias tem um sabor especial. O sabor da conquista, o sabor da reconquista, o sabor da primeira vitória, que foi a de Ibipeba. A de deputado também foi uma alegria imensa: “Eu fui prefeito em Ibipeba, mas agora estava indo para o Congresso Nacional. Imagine você sair nas ruas de Brasília, vigiando carro e voltar lá como deputado federal, dentro do Congresso Nacional, sentando onde sentou Fernando Henrique, Antonio Carlos Magalhães, Haroldo Lima, Miguel Arraes, João Almeida, Waldir Pires, Juthay Magalhães, dentre tantas outras personalidades tanto da política baiana quanto brasileira!”.
Para ser prefeito de Ibipeba, Beto diz que vários milagres aconteceram em sua vida e que Deus o livrou de laço do passarinheiro e da boca do leão, várias vezes, principalmente quando seu carro foi alvejado por dois disparos com arma de fogo.
Em Irecê, ficou vinte e quatro horas ininterruptas, sem comer, sem dormir, sem tomar banho, correndo a pé, descalço, porque não aguentava mais calçar sapato, dezenas de quilômetros se somar as várias idas e vindas dele, percorrendo as ruas e bairros de Irecê. “Apesar disso, eu elegeria Ibipeba, como a maior conquista obtida no campo político”. [Continua na Parte 5]
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