Continuação da Parte 5
Tu nasceste para ser cabeça e não cauda
Os votos de Ibipeba estavam sendo apurados em Barra do Mendes e já estavam chegando ao fim. Havia um grande tumulto. Beto estava perdendo e mesmo assim dizia: eu sou prefeito, eu sou prefeito, a fim de animar os fiscais. Mas de uma hora para outra caiu na real, baixou a cabeça e começou a orar:
“Senhor, quantas vezes eu te pedi, que se fosse para eu passar uma decepção, uma vergonha, que tu me deixasse em Salvador. Eu nunca quis vir ser prefeito nessa terra. E eu te pedi que se fosse da tua vontade que favorecesse a minha candidatura, mas se não fosse da tua vontade que me deixasse em Salvador. Já que aconteceu, confirma a tua vontade em minha vida”.
No mesmo instante, ele ouviu uma voz, ou talvez tenha sido um pensamento, um versículo bíblico que ecoou em sua mente, dizendo: “Tu nascente para ser cabeça e não cauda, tu estarás sempre por cima e não por baixo”.
Logo que ouviu isso, gritou bem alto: “A eleição é nossa, a eleição é nossa. Não tenho mais dúvida não”.
Antes disso, porém, o adversário de Beto tinha dado uma empurrada de quase duzentos votos na sua frente e faltava quatro povoados, sendo que destes um era bem favorável a ele, no caso Olhos d’água, o que se confirmou após encerramento da apuração da urna daquele povoado, fazendo a diferença cair para 120 votos.
Zeca, seu irmão, que é agente federal de Roraima, perguntou a Deusdete quais os povoados que faltavam. E ouviu a resposta que faltavam apenas três, que eram favoráveis ao adversário, e portanto, bastante desanimador para eles.
Zeca insistiu, perguntando o nome dos povoados e Beto lhe disse: São Tomé, Barro Vermelho e Alvino. Logo que lhe disse estas palavras, viu que seu irmão ficou transmudado e lhe disse: “Beto olha como eu estou aqui!”
“O que foi Zeca?”
Ele disse: “Isso não te diz nada a respeito? O São Tomé era o santo que precisava crer. Nós somos incrédulos e parece que enquanto a gente não vê o resultado, não vamos crer que você é o prefeito. Barro vermelho, Beto, lembra o sangue de Cristo e Alvino é a Alva da manhã que vem sobre ti, meu irmão”.
Ao ouvir estas palavras, Beto sentiu uma intensa emoção. E aí quem ficou transfigurado foi ele, que gritou para todos: “Zeca, você tem razão!”
E as coisas se confirmaram. Ele ganhou com dezessete votos de diferença, apesar de todas as previsões serem contrárias.
Exemplo de fé que removeu montanhas
Segundo Beto, somente a fé poderia fazer com que ele chegasse a ser Deputado Federal. Somente a fé, também, poderia fazer com que ele vencesse um sistema que em Ibipeba já durava trinta anos, sem nunca ter tido um mandato eletivo e tendo que enfrentar o prefeito e o vice-prefeito, cinco ex-prefeitos e praticamente toda a Câmara de Vereadores. Além disso, teve que enfrentar o hospital, o posto médico e todo poderio econômico, daquela cidade. Somente a fé poderia fazer com que ele se elegesse prefeito de Irecê e depois fosse reeleito.
“Eu diria que somente a fé poderia remover tais montanhas, como também me tirar das ruas de Brasília, daquele sofrimento e me fazer acreditar que um dia viria ocupar um lugar de destaque na sociedade. Se eu não tivesse Deus presente em minha vida, eu sozinho não resolveria. Foi através da fé e de muito trabalho”.
Reflexões sobre vários assuntos
“Meus filhos só me tem dado prazer, em todos os aspectos: obediência, educação, formação, trabalho, só prazer. O principal conselho que dou a eles é: entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, que tudo mais Ele fará”.
“A maior conquista foi a de ter retornado para minha terra natal, haja vista que daqui eu fui levado pela mão dos outros, quando da perda de meu pai: eu tinha nove anos de idade”.
“Eu não acredito no fator sorte. Eu acredito na bênção, na maldição. Quando a gente faz as coisas para agradar a Deus, somos bem sucedidos e ai alguém poderá dizer: cara de sorte. Quando praticamos o que não devemos, somos amaldiçoados e alguém diz: este cara dá azar. Agora para esta questão, tem as coincidências. O cara joga cem cartelas na loteria e não ganha. Outro joga uma e ganha. Coincidentemente a dele foi sorteada, contemplada”.
“Eu sou muito determinado, meio teimoso mesmo. Acho que até por isso me apelidaram de jegue preto. Talvez pela cor da pele do jegue, talvez pela determinação e teimosia do jegue. Não entrego os pontos com facilidade, não”.
“Isso é bíblico ‘Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor’. Aí uns apontam a questão social para a violência, outros dizem que é a cultura do povo que é violenta. Eu acho que são fatores que contribuem, mas a formação espiritual e a familiar são os dois pilares para que este tipo de coisa se reduzisse drasticamente”.
“Os políticos deveriam ser como todo e qualquer cidadão, como todo e qualquer profissional de qualquer área deveria ser: sérios, sinceros, honestos, determinados. Deviam botar na cabeça que existem para servir, para administrarem o que é dos outros e não para serem servidos ou beneficiar-se em causa própria”.
“Eu acho que o Paraíso que Deus tem reservado para mim é uma rocinha com cabra e uma praia”.
“Irecê tem dado prova que tem futuro, através de sua irrigação, através da grande força de trabalho que é fruto da determinação do sertanejo, em função do solo riquíssimo que possui, do subsolo mais rico ainda, em se tratando de água, da criatividade e determinação de seu povo. Irecê é uma cidade de futuro”.
“Do ponto de vista pessoal e empresarial eu tiraria o chapéu para o senhor Luiz Sobral. O que eu sempre ouvi dizer é que se tratava de um homem de bem, um homem que comprava e pagava rigorosamente em dias”.
Os que lhe estenderam a mão na angústia
Cita Deus em primeiro lugar, depois sua mãe, que o conduziu em torno do caminho do Evangelho e seus amigos, entre os quais João Mendes Manente, da Ceasa, que sempre se solidarizava com ele, quando a fiscalização lhe tomava tudo. João dizia: “Leve quantas caixas de frutas precisar, venda e ganhe seu dinheiro, volte e me pague, e lenta e gradativamente vai me pagando aquela outra fruta que lhe tomaram”.
Ao contrário de João Mendes, outros diziam que ele estava mentindo, que não queria pagar o que devia, porque queria dar o calote.
Beto cita também uma mulher chamada Izabel. Logo que terminava de vender suas frutas, lavava o carro dela e ganhava um prato de comida.
A gratidão a estas pessoas não é pela intensidade da ajuda, mas em função do momento em que isso aconteceu.
Falando sobre seus pais
Ele fala com carinho de sua mãe, Dona Bela:
“Mãe está viva em Lagoa Grande, no alto dos seus oitenta anos. É uma serva de Deus, uma personalidade mais do que determinada, uma verdadeira guerreira, uma mulher de aço, que mesmo tendo ficado viúva ainda nova, com 7 filhos para criar, todos de menor, não se intimidou e partiu para a luta. Conseguiu educar a todos. Fez verdadeiros cidadãos, e consequentemente, fez-nos felizes. Mãe é acima de tudo uma verdadeira serva de Deus, uma cristã mais do que determinada”.
E demonstra a firme admiração que continua tendo de seu saudoso pai, Adalberto Lelis: “Adalberto Lelis, meu pai, saudoso Adalberto Lelis, era um homem de um coração extraordinário, temente a Deus.
Era autodidata, lia a Bíblia e o dicionário e dizia para minha mãe: ‘Vá para a igreja que a verdade ali está. Vá para a igreja, porque esta vida é passageira, e a vida eterna continua. Leve nossos filhos’.
E Dona Bela dizia ‘E por que você não vai Adalberto? ’ e ele dizia ‘Porque eu já tenho o hábito do cigarro, mas tão logo eu deixar, irei também’. Então foi ele quem instigou minha mãe a ir para a igreja.
Ele se auto-converteu, eu diria, e estimulou minha mãe, a converter-se ao Evangelho. Era um homem extremamente inteligente, cujo coração, eu diria, era como o coração de Davi, ‘Um coração segundo o coração de Deus’. Só deixou motivo de orgulho para podermos dizer que somos seus filhos.
Enfim, ele era alguém de quem eu gostaria de poder me aproximar mais no que diz respeito ao quanto era servidor, bondoso, caridoso, sábio em todos os aspectos”.
Beto conta que o saudoso Epaminondas Rocha, ex-deputado estadual de Ibipeba, costumava dizer, quando alguém elogiava as virtudes do Adalberto Filho: “Tudo isso é verdade, mas ainda falta muito para chegar ao que o pai um dia foi”.
“Mas eu ainda estou novo e posso um dia trilhar os caminhos de meu pai e ser o homem pleno que ele sempre foi” – diz Beto Lelis.
MAIS:
Biografia Beto Lelis / Adalberto Lelis Filho – Parte 1
Biografia Beto Lelis / Adalberto Lelis Filho – Parte 4
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