O marketing selvagem dos adversários e o marketing morno de Marina

Neste bendito dia, de rotina chata, monotonia, trabalho, muitas as vezes em troca de míseros reais, muita gente ouviu e viu a candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, afirmar que seus adversários fazem “marketing selvagem” contra ela.

Marketing selvagem, não, Marina, marketing esperto contra o marketing morno de sua campanha. Explico.

Quando aconteceu os escândalos envolvendo grande parte da base governista, achei que seus marqueteiros iam aproveitar a situação para deixar a candidata Dilma e seus adversários na defensiva.

Marina Silva e marketing selvagem nas eleições presidenciais de 2014

Mas não foi isso que aconteceu.

Esperta como é, Dilma conseguiu apagar, com um copinho de água, o incêndio causado pelos escândalos da Petrobrás, envolvendo membros da base aliada, conforme noticiado na imprensa.

Mais do que isso: Dilma passou a acusar Marina de querer acabar com os programas sociais do governo, com projetos de infraestrutura e de não explorar o pré-sal. Consequentemente, causaria o desemprego de milhões de brasileiros, tirando recursos da educação, blá blá blá…

Marina Silva com seu jeitinho angelical, voz meiga, boa de se ouvir, em vez de esbravejar e mostrar que quem está acabando com o país são os que estão no poder, o que fez? Provavelmente foi chorar com as injustiças ditas contra ela ou pedir a Deus para ter piedade dos agressores.

E os dias vão passando, e Marina se defendendo, se defendendo, e o outro lado subindo, subindo…

Enfim,

Dilma caceta, Marina chora, e vai perdendo milhares de votos. Marketing selvagem, não, Marina, marketing esperto é o que o PT está fazendo. Você na defensiva, quando era para estar apontando o dedo. Você indo para baixo, quando era para estar indo para cima.

E ficar na defensiva, faltando pouco tempo para as eleições é o que eu defino como marketing morno.

Mostre que você não é governo, que você é oposição. Chute, nem que pegue na canela de seus marqueteiros (eles merecem), pois fazem marketing morninho.

Atualmente, a campanha de Marina mais parece a de alguém que faz parte do governo e teme perder um cargo. Abre espaço para Dilma, mesmo afundando o Brasil paulatinamente – inflação alta, inadimplência, hospitais públicos a beira da falência, bandidos triunfando, PIBinho, entre outras misérias – subir e triunfar, graças aos seus competentes marketeiros.

O marketing bem feito tem o poder de vender produtos mesmo que não prestem.

Disse o saudoso Dorival Caymmi, em sua inesquecível música:

Marina, morena
Marina, você se pintou
Marina, você faça tudo
Mas faça um favor
Não pinte esse rosto que eu gosto
Que eu gosto e que é só meu
Marina, você já é bonita
Com o que deus lhe deu
Me aborreci, me zanguei
Já não posso falar
E quando eu me zango, marina
Não sei perdoar

“Marina, você já é bonita” e “você se pintou” neste cenário atual, “mas faça um favor” para seus eleitores: pare de ficar se defendendo e MOSTRE AUTORIDADE. Meiguice não vence eleição.

Fale grosso, Marina, seja “arretada” para enfrentar Dilmona. Senão, assim como na música, seus eleitores podem não saber perdoá-la e se resignar com a situação atual e nem sequer ir votar.

E aí, adeus Marina. Oportunidade perdida não volta jamais.

 

 

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