É inegável em todo o território nacional a contribuição dada pelo escritor Rubem Alves a educação. Autor de mais de 120 títulos, entre os quais obras infanto-juvenis como ‘A árvore e a aranha‘, ‘A pipa e a flor‘ e ‘A Menina e o pássaro encantado‘.
No ano de 2011, o escritor mineiro, natural de Boa Esperança, onde nasceu em 15/09/1933, deu uma entrevista ao Portal Brasil, onde falou de temas importantes:
Escola ideal
A escola ideal deve ser um ambiente onde professores e alunos trocam conhecimento. “Essa ideia do professor ir lá dar uma aula, ficar na frente, os alunos copiando, isso não existe. Os professores são companheiros dos alunos, não tem nota, nota é uma inverdade porque aquilo que o aluno produz numa prova, não revela o que ele pensa”, ressaltou.
As crianças, segundo o autor, precisam expandir seus conhecimentos e dar vozes à imaginação, a partir do gosto pela leitura. Segundo ele, uma criança lhe mandou uma carta, dizendo: “Querido Rubem Alves, li o seu livro O patinho que não aprendeu a voar, aprendi que liberdade é a gente fazer aquilo que deseja muito e eu quero ser livre.”
Ensino no Brasil
O nível de qualidade da educação básica só alcançará o ideal através da capacitação dos professores, pois “O professor é o ponto central de qualquer programa de transformação do ensino brasileiro”.
É preciso também uma nova forma de avaliar o ensino:
“O que adianta passar no vestibular se dentro de dois anos eu terei esquecido todas as coisas? Rubem Alves acha que a avaliação não deveria ser feita imediatamente depois que [o vestibular] termina. “Eu gostaria que fosse feito anos depois. Porque o aprendido é aquilo que fica depois que o esquecimento faz o seu trabalho,” ressaltou, Rubem Alves.
A Universidade de Campinas (Unicamp) implementou um novo sistema de avaliação, com a participação do escritor e educador:
“Nós estávamos cansados de vestibular de cinco escolhas, escolhas múltiplas. Nós queríamos um vestibular que revelasse a capacidade de pensar do aluno, nós queríamos a medir a capacidade de pensar.”
“Aí, nós chegamos à conclusão de que a maneira que a gente tem de avaliar a capacidade de pensar numa pessoa só tem uma: mandar fazer uma redação”, completou.
O mais importante é que as escolas ensinem a criança a pensar: “Para mim esse é o objetivo da educação: criar a alegria de pensar.”
O escritor propôs, ainda, um novo tipo de professor. “É aquele que não ensina nada, não é professor de matemática, de história, de geografia. É um professor de espantos. O objetivo da educação não é ensinar coisas porque as coisas já estão na internet, estão por todos os lugares, estão nos livros”, enfatizou.
O papel do professor
Segundo ele, missão do professor não é dar respostas prontas. “As respostas estão nos livros, estão na internet. A missão do professor é provocar a inteligência, é provocar o espanto, é provocar a curiosidade”, continuou.
Assim, para o educador, é a partir da curiosidade que o professor pode incentivar o gosto pela leitura: “Então você tem que criar o gosto. Não mandando ler, mas lendo. Uma hora muito boa para leitura é quando as crianças e os adolescentes vão para a cama. Então a mãe se senta ao lado e vai ler um livro.”
Trajetória do escritor
Educado no seio de uma família protestante, Rubem Alves estudou teologia no seminário Presbiteriano do Sul, um dos mais conhecidos seminários evangélicos da América Latina.
Mais tarde, tornou-se pastor de uma comunidade presbiteriana, em Lavras, interior de Minas e casa com Lídia Nopper, com quem teve três filhos: Sérgio, Marcos e Raquel.
Em 1963, viajou para Nova York para se dedicar a pós-graduação. Em 1964, durante o Golpe Militar, regressiy ao Brasil, sob acusação de ser subversivo.
No mesmo ano é convidado para o doutorado na United Presbyterian Church,nos Estados Unidos. De volta ao Brasil, em 1968, se despediu da Igreja Presbiteriana. Em 1969, conseguiu um emprego na Faculdade de Filosofia de Rio Claro. Aí permaneceu até 1974, ano em que finalmente ingressou no Instituto de Filosofia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), até se aposentar na década de 1990.
“Ensinar” é descrito por Alves como um ato de alegria, um ofício que deve ser exercido com paixão e arte. É como a vida de um palhaço que entra no picadeiro todos os dias com a missão renovada de divertir. Ensinar é fazer aquele momento único e especial. Ridendo dicere severum: rindo, dizer coisas sérias2 Mostrando que esta, na verdade, é a forma mais eficaz e verdadeira de transmitir conhecimento. Agindo como um mago e não como um mágico. Não como alguém que ilude e sim como quem acredita e faz crer, que deve fazer acontecer.
Em alguns de seus textos, cita passagem da Bíblia, valendo-se de metáforas. No site A Casa de Rubem Alves encontram-se releituras e discussões de suas obras.
Em 1984, se dedicou à formação em psicanálise. Teve sua clínica até 2004. Seu contato com os pacientes incrementou seu conteúdo que, transformados em palavras, compuseram diversas de suas crônicas sobre o cotidiano.
É cidadão honorário de Campinas onde recebeu a Medalha Carlos Gomes de contribuição à cultura.
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Fontes:
Portal Brasil
Instituto Rubem Alves
Wikipedia
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