Os primeiros proprietários de Irecê

Os primeiros proprietários de Irecê foram os europeus, conforme você vai ver no final deste texto.

Quando os europeus pisaram em solos brasileiros, encontraram os habitantes indígenas. Estes foram os primeiros proprietários de todas as terras de nosso país, apesar de não terem sido reconhecidos.

Não foram somente os portugueses que invadiram nosso país, tomando as terras dos indígenas. Os holandeses também pisaram em solos brasileiros, alguns anos após o descobrimento do Brasil.

Portugal perdeu sua independência no ano de 1591, segundo alguns historiadores. Passou para o domínio da Espanha.  Na época, o rei da Holanda queria vingar-se de Felipe II, rei da Espanha. Tinha muitas muitas queixas e juntou-se com a América, para combater o monopólio. Daí o surgimento da Companhia das Índias Ocidentais e a preparação para invadir o Brasil.

A primeira invasão ocorreu no ano de 1624.  Começou pela Bahia, mas sofreu uma forte resistência por parte de muitos homens, entre os quais o bispo Dom Marcos Teixeira. De todos os homens que lutaram em favor de Portugal, um chamou mais a atenção do Rei naquela época. Chamava-se Antônio de Brito Corrêa.

Eis um resumo das lutas que este homem participou, conforme registrado nos Anais do Arquivo Público da Bahia:

9 de maio de 1624 – Antônio de Brito Corrêa vence os holandeses nos combates do Forte Novo de S. Felipe.

13 de setembro de 1624 – resiste aos holandeses próximo de S. Bento.

18 de outubro de 1624 –  Antônio de Brito Corrêa, comandando um terço de negros, com dezenas de brancos, derrota os holandeses na Fonte Nova.

30 de dezembro 1624 – luta e vence os flamengos, quando eles invadiram um engenho de açúcar em Itaparica, com a intenção de saqueá-lo. Logo depois dessa luta, venceu Pedro Peres, um general holandês.

Estas e muitas outras lutas contra invasores deram muito prestígio a Antônio de Brito Corrêa, junto ao rei.

O combate aos negros aquilombados

No ano de 1663, bandidos, mamelucos e negros aquilombados traziam populações da beira do Rio São Francisco em sobressalto, matando e roubando. Como a Coroa era a responsável pela segurança das pessoas, precisava manter a ordem.  Incumbiu Antônio Guedes de Brito, filho do herói Antônio de Brito Corrêa, para manter a ordem na região.  Ele já tinha demonstrado muitos atos de heroísmo.

Antônio Guedes de Brito não media esforços para enfrentar os inimigos externos. Também não se importavam em tirar de seu próprio bolso tudo de que precisasse, a fim de levar avante sua luta. Assim, durante os períodos das invasões ao Estado da Bahia, ele além de lutar contra os inimigos, principalmente holandeses, doou grande parte de seus bens, para dispêndios nas guerras.

Seus esforços foram recompensados posteriormente. Em 2 de fevereiro de 1666, por Carta patente, D. Vasco de Mascarenhas, Conde de Obidos, nomeou Antônio Guedes de Brito Capitão de infantaria “pelos serviços prestados durante muitos anos, e também pelo grande dispêndio em gados, farinhas e comboios que deu para sustento das guerras que tantos anos duraram neste Estado”, conforme registrado nos Anais.

Antonio Guedes de Brito primeiro proprietário das terras de Irecê

Logo que foi nomeado, Antônio Guedes de Brito, que morava em Morro do Chapéu, até o dia em que morreu, deixou aquela cidade e partiu com duzentos homens. Já com grande experiência na arte de enfrentar inimigos, conseguiu facilmente pacificar o sertão baiano, onde havia aventureiros de toda espécie, ladrões de currais de gado, egressos das minas de Jacobina, Rio de Contas, Itacambira e Serro do Frio, bem como negros e mamelucos contrabandistas de ouro, libertando todas as povoações dos rios Jaquitahy e das Velhas.

Considerando todos os esforços feitos por Antônio de Brito Corrêa, e pelo seu sucessor Antônio Guedes de Brito, o rei de Portugal deu-lhe uma grandiosa recompensa em terras. Em forma de sesmaria remuneratória, ele recebeu do rei 160 léguas de terras.

Uma área que abrangia, não somente a região de Morro do Chapéu, mas também a área da atual Irecê e da maior parte da microrregião. Somando tudo isso a outras terras que possuía, ele ficou sendo o maior proprietário de terras da Bahia.

Antônio Guedes de Brito, um dos primeiros proprietários de Irecê, morava bem perto do latifúndio, desde 334 anos atrás!

No ano de 1663, o maior latifundiário da Bahia e proprietário de Irecê, morava em Morro do Chapéu, distante de nós cerca de doze léguas, um espaço facilmente percorrível a cavalo.

Fonte: blog Jackson Rubem Livros do escritor Jackson Rubem, impressos e online.

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