O prefácio deste livro começa com George Wells, famoso historiador. Ele disse certa vez:
“Os historiadores são, na sua maior parte, nos dias de hoje, homens de erudição e de saber especializado; receiam muito mais pequenos erros do que desconexão; atemorizam-se mais do pequeno ridículo de uma data errada do que de atribuir um valor errado aos acontecimentos”.
Os escritores, por mais perfeitos que sejam, sempre que se propõem a escrever um livro de história, estão sujeitos a pequenas falhas. Quando se trata do passado, existe uma carência de informações, sobretudo no que diz respeito as datas, forçando o historiador a usar termos genéricos para enquadrar certos acontecimentos. Tudo isto é mais evidente, quando se trata de Irecê, cidade que os órgãos públicos não têm sequer os decretos do governo referentes à sua história!
Eu poderia ter escrito um tipo de história, visando ao enaltecimento de uma determinada família, em detrimento das demais. É o que se chama História Positivista. Longe disso! Preocupei-me apenas em mostrar a verdade. Busquei-a, sem me importar com as dificuldades, com a distância.
No passado, alguns prefeitos agiram irresponsavelmente, destruindo documentos históricos de grande relevância para o povo desta cidade. Outros não destruíram nada, mas contribuíram indiretamente, omitindo-se em construir um Arquivo Público Municipal ou uma Biblioteca Pública, digna desta cidade cujo nome é conhecido mundialmente. Em consequência disso, passei muitas dificuldades para escrever este livro.
Usei da metodologia científica, durante todo o processo de escrita desta obra. Preparei fichas, entrevistei dezenas, senão centenas de pessoas de todas as idades, dando preferência, no entanto, as mais idosas, àquelas que ultrapassaram a casa dos setenta, oitenta, noventa anos, as quais, em breve, completarão cem anos de vida!
Quando alguém me dizia que em determinado lugar havia uma pessoa bem “velhinha”, para lá corria eu, munido de caderno, gravador e máquina fotográfica. Usando de tato, de compreensão para com elas, consegui fazê-las mergulhar no passado e trazer para o presente, muitos fatos interessantes. Algumas dessas pessoas são dotadas de uma memória tão impressionante que retornam no tempo e vivenciaram os fatos como se estivessem acabando de acontecer.
Durante o processo de escrita, deixei de lado meus livros prediletos e mergulhei-me na leitura de quase uma centena de obras, relacionadas ao sertão, aos bandeirantes, ao cangaço, ao S. Francisco, à Bahia, ao folclore, aos índios, etc. Quase tudo que foi escrito sobre Irecê, desde questionários escolares, monografias, panfletos, propagandas políticas do passado, passou por meu crivo.
Estive diversas vezes no Arquivo Público do Estado da Bahia, pesquisando nos jornais do século passado até o início deste e nos Anais, buscando referências a Caraíbas, Lagoa Grande, Irecê, etc. Também pesquisei nos arquivos do jornal Correio do Sertão, segundo jornal mais antigo da Bahia e o primeiro a circular em Caraíbas. Ademais, estive em paróquias, buscando batistérios e casamentos efetuados no século passado, até meados deste; em bibliotecas públicas de Irecê, Morro do Chapéu, Salvador e em museus, entre tantos outros lugares.
Alguns fatos puderam ser comprovados por meio do depoimento de testemunhas oculares e auriculares, bem como através de documentos escritos. É o que chamo HISTÓRIA. Outros também puderam ser comprovados, mas há um pouco de fantasia neles. É o que chamo de CASOS. Há ainda aqueles fatos, que estão mais recheados de fantasias, embora exista grande cunho de verdade neles. É o que chamo de LENDAS. O termo Lendas, portanto, usado neste livro, tem uma conotação completamente oposta da que é usada convencionalmente.
O filósofo disse certa vez: “Toda ideia nova passa por três fases: na primeira é combatida, na segunda é criticada e na terceira é aceita.”
Este livro é uma ideia nova fundamentada em documentos, fotografias, referências bibliográficas, depoimentos gravados e diversas outras fontes históricas. Nele o leitor encontrará uma versão completamente oposta à história positivista que nos foi contada.
A 2ª edição de Irecê, História, Casos e Lendas vem enriquecida com a apresentação escrita Maria Beltrão, uma brasileira de fama internacional, autora de vários livros e centenas de artigos publicados na grande imprensa do país e do exterior.
Fonte: blog Jackson Rubem
Obras do escritor Jackson Rubem, impressas e online, disponíveis na Amazon, Saraiva e Cultura.
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Fotos do lançamento da 1ª edição livro Irecê: História, Casos e Lendas
O testemunho forte de outras pessoas
Apresentação do livro Irecê: História,Casos e Lendas
Fotos noite de autógrafo livro: Irecê-história, casos e lendas, 2ª edição
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