Coprofilia? Você sabe o significado desta palavra? Não me lembro de tê-la lido antes, a não ser recentemente em declarações do papa Francisco. Trata-se de uma palavra nojenta que o papa usou referindo-se a alguns meios de comunicação e a seus leitores.
Pior é que as declarações do papa mais polêmico que Roma já teve afeta a qualquer pessoa que tem o hábito de leitura. Você, eu, qualquer um.
O papa Francisco comparou os meios de comunicação que andam em busca de escândalos ou publicam notícias falsas a pessoas sexualmente atraídas por excrementos.
Meios de comunicação publicam notícias e tem leitores. Neste caso, qualquer pessoa que gosta de notícias relacionadas e escândalos, segundo as palavras do Papa papa, gosta de comer fezes, merda, bosta, enfim, excrementos.
Acho que ele foi muito infeliz ao usar este tipo de comparação. Dada a sua importância como líder de mais de quase dois bilhões de pessoas no mundo, poderia ter usado palavras mais amenas, menos ofensivas, menos repugnantes.
Existem veículos de comunicação especializados na busca de escândalos, nem por isso podem ser comparados a pessoas sexualmente atraídas por fezes. E existem meios de comunicação sérios que de vez em quando publicam escândalos e nem por isso ingerem bosta.
Existem também muitos leitores que buscam este tipo de informação, nem por isso são sexualmente pervertidas. A Wikipédia define assim a palavra usada pelo papa:
Coprofilia (também conhecido pela palavra inglesa scat) consiste na excitação sexual relativa ao contato com fezes. A prática inclui a manipulação, fixação, fotografia, afeto ou transtornos obsessivos ligados às fezes. Abrange um largo espectro de práticas, que pode inclusive chegar à coprofagia (ingestão de fezes).
Você sabe muito bem que qualquer jornal, por mais sério que seja, está sujeito a publicar uma notícia falsa ou um escândalo. Faz parte da vida das pessoas e da imprensa. Cabe a cada leitor decidir o que vai ler, ver ou ouvir. Cabe também ao jornal se retratar, perante a opinião pública, ao causar danos as pessoas.
Coprofilia, vitória de Trump e Papa papa Francisco
O papa Francisco alertou que provavelmente as notícias falsas online influenciaram as eleições presidenciais norte-americanas.
As declarações do papa relacionadas a coprofilia foram publicadas no Diário de notícias e Actualidad, citando como fonte a revista católica belga Tertio:
“A desinformação é provavelmente o maior demônio que um meio [de comunicação] pode infligir porque orienta as opiniões numa direção omitindo parte da verdade”.
Até aí tudo bem. O argentino, de 79 anos, no entanto, não se conteve nas palavras e afirmou que algumas pessoas do mundo do jornalismo sofrem de coprofilia, ou seja, sentem uma atração sexual por fezes, e seus leitores tendem para a coprofagia, o consumo de excrementos.
“Acredito que os meios de comunicação devem ser muito mais claros, mais transparentes e não caírem – desculpe a expressão – na coprofilia, ou seja, quererem sempre noticiar escândalos, coisas feias, ainda que sejam verdadeiras”, disse, acrescentando que “à medida que as pessoas tendem a sofrer de coprofagia, isso pode ser muito perigoso”.
Os comentários do papa Francisco surgem numa época em que se debate nos Estados Unidos e no Reino Unido se as notícias falsas desempenharam ou não um papel importante na eleição de Donald Trump para a presidência norte-americana e na saída do Reino Unido da União Europeia, respectivamente.
“Os meios de comunicação têm as suas próprias tentações, podem ser tentados pela calúnia e, por isso, podem ser usados para caluniar as pessoas, para as esmagar, sobretudo no mundo da política. Podem ser usados como meios de difamação. E ninguém tem o direito de fazer isto, é um pecado e é perigoso”, afirmou ainda o papa Francisco.
Claro que o papa também reconheceu a importância da imprensa. Segundo ele:
“Os meios de comunicação são construtores de uma sociedade”.
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