Irecê arrendatários
Irecê e arrendatários: No ano de 1775, houve na Comarca de Jacobina, uma grande demanda com os herdeiros de Antônio Guedes de Brito sobre as grandes sesmarias calculadas em trezentas léguas.
Antônio Guedes de Brito foi o ancestral da Casa da Ponte, uma das mais notáveis famílias tanto do Brasil quanto de Portugal. Sucedeu a ele Isabel Maria Guedes de Brito, casada com Antônio da Silva Pimentel, que geraram Joana da Silva Guedes de Brito, que casou com Manoel de Saldanha da Gama Guedes de Brito, que foi sucedido por D. João de Saldanha da Gama de Melo e Torres, sexto Conde da Ponte, que governou a Bahia durante o período de 1805 a 1810.
Marco histórico para Irecê
No dia 21 de fevereiro de 1807, o Conde da Ponte, João de Saldanha da Gama Mello Torres Guedes Brito e a Condessa da Ponte D. Maria Constança de Saldanha Oliveira Souza, desmembraram da sesmaria remuneratória uma porção de terras que denominaram Barra de São Rafael e venderam a Antônio Teixeira Leite e Filipe Alves Ferreira, ambos residentes em Morro do Chapéu.
A data 21 de fevereiro de 1807 foi um marco para a história de Irecê, porque naquele ano comercializaram pela primeira vez com os terrenos, sobre os quais se encontra nossa cidade e outras da região.
Poucos anos após, o Conde da Ponte faleceu. No início de seu testamento constava, segundo o texto reproduzido com a grafia da época:
“In nomine Domine Amen – Eu João de Saldanha da Gama Melo Torres Guedes de Brito, conde da ponte, estando molesto de cama, mas em meo perfeito juízo, e entendimento, que nosso Senhor me deo prevenindo os meios conducentes à minha salvação ordeno este meo testamento pela maneira seguinte: professo a Lei de Deos, e esta mesma religião professei desde o batismo…sou natural da cidade de Lisboa, filho legítimo do Escelentíssimo Manoel de Saldanha da Gama Guedes de Brito e de sua Excelentíssima Dona Francisca Joana Josefa da Camera, ambos falecidos, me acho nesta cidade da Bahia por vir a ela empregado no real servisso do governador…sou casado com…Condeça da Ponte, Dona Maria Constança de Saldanha Oliveira e Soiza, do qual matrimonio tenho nove filhos, a saber: Manoel de Saldanha da Gama Melo Torres Guedes de Brito, Francisco de Saldanha da Gama Melo Torres Guedes de Brito…”1
Com o passar do tempo, as gerações seguintes foram substituindo as anteriores e os descendentes da Casa da Ponte tornaram-se numerosos. As sucessivas divisões das propriedades, para fins de partilha, reduziu drasticamente o número de léguas de terras que cabia a cada um deles.
Divisão do latifúndio em fazendas entre as quais Caraíbas
Os descendentes da Casa da Ponte, desestimulados em explorar os latifúndios herdados, dividiram os terrenos em blocos de cerca de uma légua de comprimento (trinta e seis quilômetros quadrados) e começaram a arrendar para outras pessoas. Cobravam dos arrendatários milhares de reis de foro, anualmente.
Dentre as muitas fazendas, existia Curralinho, arrendada a Jacinto Pereira, pela quantia de quatro mil réis por ano; Riacho Seco foi arrendada ao capitão Francisco Xavier da Costa, à quantia de sete mil e quinhentos réis por ano; Malhada, a Joaquim Firminiano da Silva Dourado à quantia de dois mil e quinhentos por ano; Garapa, a José Joaquim Sant’ana pela quantia de cinco mil réis por ano.
A fazenda Caraíbas, foi arrendada primeiro a Nazaria de Souza da Costa, pagando ela a renda de dez tostões por ano. Depois a José Martins da Rocha. 2
Os arrendamentos permaneceram como bom negócio durante muitos anos. Em meados do século dezenove, o governo brasileiro declarou a falta de primogenitura sobre propriedades, desestimulando os donos de terrenos a continuarem com a posse deles.
Diversas pessoas possuíram os terrenos onde se encontra a atual Irecê e grande parte das cidades da microrregião. O último a possuir estas terras é um velho conhecido nosso.
Fonte: blog Jackson Rubem Livros do escritor Jackson Rubem, impressos e online.
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Atenção: obras protegidas pela Lei de Direitos Autorais. Se usar, cite a fonte com o link.
Referências:
- Anais do Arquivo Público da Bahia, Vol. XXVIII, p.45.
- Anais do Arquivo Público da Bahia, Francisco Borges de Barros. Ano VII, vol.11.
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