João José da Silva Dourado
Irecê se tornou propriedade de João José da Silva Dourado. Antes de mostrar isso, é importante lembrar alguns fatos relacionados.
No dia 21 de fevereiro de 1807, João de Saldanha Gama Mello Torres Guedes Brito, Conde da Ponte e a Condessa da Ponte, D. Maria Constança de Saldanha fizeram desmembrar das sesmarias remuneratórias, uma porção de terras, denominada por eles de Barra do São Rafael.
Filipe Alves Ferreira e Antônio Teixeira Alves, compraram do Conde e da Condessa da Ponte o terreno denominado Barra do S. Rafael, pela quantia de 1.200$000 (Um conto e duzentos mil réis), com as seguintes extremas:
Nascente: fazenda tareco, dos vendedores, onde faz meio com o Sítio São Rafael; Poente: pelos contrafortes desta até o Sítio Santa Rosa, no poço de Água Verde (já é no rio Verde) e deste ao lugar chamado São Pedro, nas imediações da Chapada Velha. Norte: com a travessia de Dona Joana, (que é cá no centro da catinga), cortando por cima da serra chamada São Francisco, procurando o lugar chamado São Pedro e daí cercando a Lagoa dos Porcos, acima do pasto e deste lugar à Travessia de Dona Joana…. Sul: do lugar São Pedro, a Lagoa dos Porcos daí vereda abaixo até a Barra de São Rafael.
Eis que mais um desmembramento de terras acontece no grande latifúndio. Desta vez uma porção de terras tirada da Barra de São Rafael e denominada de Lagoa Grande é comprada por três amigos: Joaquim Alves Ferreira, Joaquim Gomes Pereira e Domiciano Barbosa Pereira, com suas respectivas esposas.
A porção de terras que eles compraram abrangia uma área gigantesca, ocupando Morro do Chapéu, a atual Irecê e diversas outras cidades.
João José enriquece no garimpo e compra Lagoa Grande
João José da Silva Dourado passava a maior parte do tempo distante da mulher, morando em diversas localidades, entre as quais Morro do Chapéu, Gentio do Ouro, Jacobina e Caraybas, onde provavelmente arrendou fazendas de gado, durante algum tempo.
Andando de lugar em lugar, sobretudo naqueles onde havia garimpo, João José da Silva Dourado um dia conseguiu descobrir um filão de ouro, ficando fabulosamente rico.
Voltou para Macaúbas e lá permaneceu com a mulher e os muitos filhos durante um bom tempo.
Embora não mais precisasse trabalhar, tinha a maior vontade de possuir as terras das fazendas, outrora arrendadas a diversas pessoas, inclusive ao seu parente Joaquim Firminiano da Silva Dourado.
Certo dia, soube que uma porção de terras denominadas Lagoa Grande se encontravam a venda por um conto e duzentos mil réis. Decidiu comprá-las custasse o que custasse, pois cultivava em seu coração um imenso amor por estas terras, sobretudo porque nelas estava a fazenda Lagoa das Caraybas, como era conhecida por uns, ou Brejo das Caraíbas, como era conhecida por outros, ou simplesmente Caraíbas.1.
João José da Silva Dourado, embora não dispusesse de todo o dinheiro no momento, procurou os legítimos proprietários das terras da Lagoa Grande e os localizou na região de Morro do Chapéu. Eram seis os proprietários: Joaquim Alves Ferreira e sua mulher Maria Teresa; Joaquim Gomes Pereira e sua mulher Rosania Pereira da Silva; Domiciano Barbosa Pereira e sua esposa Maria do Nascimento.
Ele comprou a gigantesca porção de terras que eles estavam vendendo. Isso aconteceu no ano de 1840 e ele já estava com a idade avançada. Adoeceu poucos meses após a compra.
Por causa da doença, perdeu as esperanças de realizar seu sonho de um dia morar na Lagoa das Caraíbas, trazendo para o lugar sua mulher, filhos e netos.
Logo que João José da Silva Dourado morreu, os netos em vez de ficarem tristes, alegram-se bastante e comemoraram a morte do velho. Não gostavam do avô, porque ele era muito ranzinza. Não dava nada para eles. A única coisa que receberam dele, e já depois de morto, foram os quilômetros e mais quilômetros de terras, um latifúndio de 18 a 22 mil quilômetros quadrados, maior que o estado de Sergipe e do que o país Kuwait.
A área de terras onde se encontra as atuais cidades do território de Irecê e outras da região.
Fonte: blog Jackson Mensagem Livros do escritor Jackson Rubem, impressos e online.
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Referências:
- Vários documentos do Arquivo Público da Bahia menciona Caraíbas como Lagoa das Caraíbas e brejo das Caraíbas.
Biografia Hermenilson Ferreira Carvalho – Parte 3
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