Fogo em Irecê antes do fósforo
Durante o transporte de paus de umburana, os primitivos habitantes observavam que a madeira soltava labaredas de fogo sempre que passava por cima dos lajedos. Esta observação os inspirou a fazer fogo em Irecê antes do fósforo.
Friccionavam dois pedaços de umburana e produziam fogo para cozinhar seus alimentos ou acender o cigarro.
Pode ser também que aprenderam esta prática através de visitantes ou de contatos com pessoas de localidades mais desenvolvidas.
Depois de longo tempo, arranjaram um jeito mais original para fazer fogo.
Inventaram o pequeno artefato, mostrado na foto, que chamavam de artifício, papa-fogo ou bogue.
Fabricavam o artefato assim:
Serravam um pedaço de chifre de boi, mais ou menos dez centímetros, começando da ponta. Depois cerravam a ponta, deixando um pequeno orifício, que servia para a entrada de oxigênio. Faziam uma tampa de um pedaço de cabaça seca, usada para tampar o buraco maior do artifício.
A tampa ficava presa ao bogue por meio de uma correia.
Fazendo fogo com o bogue
Quando queriam fogo, retiravam a tampa e batiam uma pedra em um pedaço de aço. As faíscas provenientes do choque das pedras ou da pedra com o aço, entravam no bogue, previamente cheio de algodão, dando início ao fogo
À tarde, já bem próximo do escurecer, saia pai, mãe ou um filho para o mato, a fim de buscar lenha de angico. Depois produziam fogo no bogue e colocavam-no nas toras secas desta árvore. Sopravam bastante. No dia seguinte, aproveitavam as brasas vivas nas mais diversas ocasiões.
Os que gostavam de fumar andavam com o bogue no bolso da roupa rústica, na capanga ou no bornal.
Quando sentiam vontade de fumar, metiam a mão no bornal, pegavam o bogue. Seguravam a pedra na posição na posição adequada e “paco”, as faíscas passavam para o algodão e logo podiam usar o fogo para acender o cigarro.
Em outras ocasiões, quando tinham que queimar coivaras na roça, primeiro juntavam esterco de jegue, bastante seca, esfarinhavam-na, provocavam fogo no bogue e passavam para esterco do animal, soprando bastante até se darem por satisfeitos. Daquele fogo, queimavam dezenas de coivaras.
Fonte: blog JacksonRubem Livros do escritor Jackson Rubem, impressos e online.
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Artefacto primitivo para fazer fogo na antiga Irecê – Bahia
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