“Mó legal”, para dizer que algo é muito legal, “pardal”, para se referir ao radar de trânsito e “bloco”, para um edifício.
Se você é de Brasília ou vive aqui, deve ter essas expressões no seu vocabulário. Não é possível dizer que elas nasceram aqui ou que são exclusivas da capital, mas já fazem parte do modo de falar dos brasilienses. O jornalista baiano Marcelo Torres ficou tão curioso com as palavras usadas na cidade que escreveu um livro sobre o tema.
“Tem o ‘xô te falar’ [deixa eu te falar], ‘xô te perguntar’. Outra coisa difundida entre os adolescentes é o ‘tipo assim’ [do tipo], o ‘véi’ [forma de tratamento entre amigos], e o ‘mó’. Esse ‘mó’, de maior, é uma coisa bem típica daqui”, explica Torres.
Outra curiosidade é o sotaque do brasiliense. Afinal, ele existe? A professora do Departamento de Métodos e Técnicas da Universidade de Brasília (UnB) Stella Maris Bortoni explica que, apesar de a cidade ter atraído muitas pessoas de outras regiões, a fala do brasiliense não é marcada por um sotaque.
“Temos uma característica interessante porque a gente não percebe traços de outras regiões. Não há nada na fala, no ponto de vista da acústica fonética, que marque como de outra região. O que marca é a ausência de traços das outras regiões. Pode perceber alguma marca, mas é sutil.”
Segundo a professora, as pesquisas sobre linguística mostram que o brasiliense ainda não tem um falar próprio. “A cidade só tem 55 anos e isso leva 3, 4, 5 gerações.”
Reportagem: Ana Cristina Campos e Michelle Canes
Fotos: Agência Brasil
Edição: Lílian Beraldo
Desenvolvimento: Pedro Ivo de Oliveira