Gratidão
“Foi muito difícil eu ser eleito, mas eu não tenho do que me queixar, porque eu nunca disputei uma eleição, com dúvidas”.
O deputado agradece aos seus pais que lhe deram condições de viver com dignidade, de estudar e de trabalhar. Desde a época de criança trabalhou na roça e no comércio de seu pai. E sempre atuou para que as coisas acontecessem de maneira natural.
“Não tenho do que me queixar. Tenho minha esposa, meus filhos e alguns outros, que não são filhos genéticos. Tudo que eu fiz consciente e tudo que eu fiz, apesar das dificuldades, deu certo”.
Determinação, uma qualidade sua
Para ele, a pessoa tem que ser forte para se livrar da corrupção. Desagradável é, também, as pessoas acharem que foi eleito para resolver tudo, não sabendo diferenciar o papel do deputado do papel do prefeito ou do governador.
“Eu tenho prazer em receber as pessoas, mas também tenho que ter tempo para fazer projetos, para estudar, dar conta de meu trabalho”.
“Mesmo diante dessas coisas – as decepções, as frustrações da política, os interesses individuais, acima dos interesses coletivos, os interesses privados, acima dos interesses públicos – fui me adaptando e hoje estou consciente que o caminho para resolver os problemas da humanidade é a democracia, é a participação do povo. O caminho da guerra, não dá”.
O que pensa sobre a violência
Tem violência maior do que alguém nascer na terra e não ter direito a um pedaço de terra, para fazer sua casa ou para poder plantar? – pergunta José das Virgens. Tem violência maior do que uma criança não ter direito de estudar e de continuar seus estudos até ser um técnico, ser um doutor, ser um engenheiro, ser alguma coisa na vida? Tem violência maior do que um pai de família desempregado?
Na opinião dele, tudo isso somado acaba transformando o homem em um ser violento.
“Se a violência fosse fruto de problemas sociais, não haveria crime de colarinho branco”.
“Nem toda violência é fruto de pessoas marginalizadas, pois lá em cima têm os cabeças da política, os grandes empresários que cometem o crime organizado, a lavagem de dinheiro do narcotráfico, gerando mais violência. Mas é claro que quanto mais se tem pobreza, mais se tem violência”.
Lembranças antigas de São Gabriel
Quando a gente brincava de agricultura, de carrinho, pegava uma capoeira, uma caatinga e entrava debaixo dela. Quando a gente via os pássaros em nosso quintal, armava uma arapuca e pegava. Quando ia para a caatinga, encontrava filhotes de passarinhos. A natureza, os animais.
O que mais sinto falta hoje é da nossa fauna, da nossa flora. Pé de andu dava para amarrar um jegue, havia fartura em nossa região. As borboletas na época da chuva, as flores da primavera, a lama. O escuro, as fogueiras de São João, de São Pedro, as conversas nas portas das casas. Apesar das dificuldades era um tempo muito bom em relação à hoje, diz o deputado.
O que mais sente falta em Irecê
O que José das Virgens mais sente falta em Irecê é do emprego, da oportunidade da pessoa se dignificar. Se a pessoa está empregada, recebendo seu salário, podendo fazer sua feira, sem precisar pedir uma cesta básica, ela se sentirá mais realizada.
“Superando isso, precisamos de melhores escolas, de cursos profissionalizantes, de universidades, de lazer mais sadio, de cultura e esportes. No dia em que isso acontecer vamos ter região bem melhor”.
Segundo o deputado, muitas coisas vão mudar nos próximos cinco anos em Irecê, tanto do ponto de vista político, quanto social e econômico.
Eu espero uma Irecê bem melhor nos próximos cinco anos”.
O que mais gosta e o que mais odeia
Quando não descansando de seus afazeres, está se dedicando à vida pública. Gosta muito de rios, de música, de ler, de ir à igreja e a festas. Também de ir à Brasília e São Paulo, bem como de visitar outros municípios do interior da Bahia. Devido a tudo isso, Zé das Virgens tem que se esforçar muito para levar uma vida normal.
Ao ser eleito deputado estadual tem que estar toda semana em Salvador. Só no final de semana aparece na região.
“E eu fico mais legal quando sou convidado a ir a um lugar e lá tem gente para conversar comigo”.
“Tenho fé em Deus. Sou ecumênico e acredito que Deus é o pai da natureza, mas tenho que ser mais disciplinado em relação a Ele, ter mais disciplina espiritual”.
Dentre as coisas que mais odeia cita ver uma pessoa com mais poder, massacrar o que tem menos poder e ver alguém batendo no mais fraco. Não suporta isso e se manifesta literalmente contra a tortura.
“Todos nós temos direitos, mas também temos deveres. Sou defensor da justiça. Odeio esse modelo econômico social mundial”.
Atuação como político e empreendedor
Não conseguiu se dar muito bem no ramo dos negócios. Chegou a trabalhar na roça. Montou uma fábrica de embutidos, quando ficou desempregado, comprando todos os equipamentos. Além disso, entrou no comércio da alimentação, montando uma fábrica que tinha o nome de Linguiça Virgem.
“Todo mundo com aquela expectativa, pois a concorrência era difícil, com grandes marcas. O negócio não deu certo e eu tive que fechar a fábrica”.
José das Virgens costuma dizer que não é fácil ser deputado, devido a grande responsabilidade. O deputado tem que ser um fiscal do povo perante o legislativo e fiscalizar dez bilhões de reais que é o orçamento do estado. O deputado tem que entender de projetos, de finanças públicas, de Direito Constitucional, de Regimento Interno, de Direito Administrativo. Tem de ser orador e debatedor, ser membro de comissão ou dirigir comissão.
“O deputado tem de lidar com o povo. Estou fazendo o que gosto”.
Nota do autor:
Quando concluí esta biografia, Zé das Virgens estava assumindo o cargo de 2º vice-presidente da Assembleia Legislativa da Bahia. Estava próximo das eleições municipais de 2004 e o deputado parecia cansado e preocupado, pois tinha que participar das campanhas eleitorais em mais ou menos 40 municípios.
MAIS
Biografia Zé das Virgens / José Carlos Dourado das Virgens – Parte 2
Biografia Zé das Virgens / José Carlos Dourado das Virgens – Parte 1
Biografia Zé das Virgens / José Carlos Dourado das Virgens – Parte 3
Biografia Dr.Nobre / Manoel Nobre Filho – Parte 3
Biografia Dr. Antônio Carlos Ribeiro – Parte 1
Siga-me nas redes sociais:
Instagram