Fonte: Livro Irecê – A Saga dos Imigrantes e Histórias de Sucesso, do escritor Jackson Rubem. 534 páginas. Editora Print Fox, ano 2004. ISBN: 85-87498-05-3 (OBS: material protegido pela lei de Direitos Autorais. Caso você reproduza alguma coisa, favor citar a fonte).
Quem é José das Virgens
“Sempre pensei no bem, sempre pensei na coletividade, sempre pensei na reforma agrária, sempre pensei no direito de todas as pessoas em ter condições de morar, ter condições de produzir, ter condições de estudar, ter condições de se divertir. Sempre pensei assim e esta foi uma das razões de eu entrar no PT, em 1980”.
Sua origem está ligada a três municípios: Alagoinhas, onde nasceu em 16/03/1962; São Gabriel, onde se criou e foi registrado em Irecê. Tanto na cidade de Irecê, quanto em São Gabriel, participa, desde a sua adolescência, de importantes movimentos artísticos, sociais e políticos.
Casado com Robéria Oliveira Santana e pai de Regis Gabriel, Marlua Gabriela, Vitória Régia e Caio das Virgens, sobrinho filho da irmã Sara que mora nos Estados Unidos, Zé das Virgens tem um vínculo muito forte com a região de Irecê e traz no sangue a força de um dos seus mais importantes desbravadores: José Alves de Andrade, seu bisavô.
Seu pai, Raul das Virgens (in memorian), veio de Inhambupe, município na região de Alagoinhas, a cerca de 200 km de Salvador, um dos mais antigos da Bahia, com mais de 400 anos de existência.
Chegou a Irecê na década de 50 e se hospedou no hotel de Dona Izabel, mulher de Josias Alves Dourado (Seu Jô) e um dos filhos de José Alves de Andrade. Izabel tinha uma filha que se chamava Carolina Alves Dourado (Calu).
Raul das Virgens se apaixonou por Carolina (in memorian), moça bonita, professora leiga, costureira, muito trabalhadeira, que ajudava a mãe no hotel. Era também extremamente social e servidora (prestativa). Por todas essas qualidades já se destacava bastante e ainda mais por ser neta de José Alves de Andrade, o Zuza Mó, fundador de Irecê.
Pouco tempo depois, os dois estavam casados. Calu passou a se chamar Carolina Dourado das Virgens. Desse casamento nasceram: Pedro Paulo, José das Virgens, Jussara, Celeste, Reginaldo Neto e Raul Júnior.
Antes do nascimento de Zé das Virgens, Dona Calu viajou para Alagoinhas. É que na região de Irecê, naquela época, não tinha estrutura, não havia maternidade. Mesmo o parto não parecendo ser difícil, Raul das Virgens conduziu sua esposa aquela cidade, mais por motivo de segurança (por precaução).
Dona Calu não chegou a ser levada à maternidade. José das Virgens nasceu sem a presença de ninguém. Sua mãe estava sozinha, na casa de um cunhado, quando começou a sentir as dores de parto e deitou-se em uma cama. Foi um parto difícil, mas normal. Assim, ela teve, no dia 16 de março de 1962, aquele que viria a ser uma ilustre personalidade na política regional de Irecê.
Logo depois do parto, Raul das Virgens, sua esposa (ainda de resguardo) e o filho recém-nascido, José das Virgens, retornaram a São Gabriel, que na época era distrito de Irecê.
“Minha família é normal. Meus filhos têm a vantagem de ter um pai vitorioso, mas tem a desvantagem de ter um pai que não pode conviver com eles o tempo todo, estar educando, dando carinho. Sou o pai que pode apenas assumir responsabilidades e isso para mim é frustrante”.
A importância Raul das Virgens na região
Raul das Virgens nasceu em 13/12/1923, em Inhambupe. Era um homem simples, porém, grande empreendedor, bastante corajoso.
Ao chegar à região de Irecê, na década de 50, Raul instalou um de seus primeiros abatedouros de suínos, em Patos, município de Lapão. Como São Gabriel era, naquele tempo, um centro comercial importante na região, Raul decidiu ir para lá, montando uma das primeiras agroindústrias da região, que se tornou conhecida como Relento. Abatia cerca de 150 suínos por semana.
“Foi uma coisa muito bonita. Meu pai veio para cá com este objetivo: explorar a suinocultura, a parte da industrialização e comercialização”.
O abate começava no início da noite ou na madrugada. Depois de abatido os porcos eram escaldados com água fervente e tinham seus pelos todos raspados por facões reduzidos ao tamanho de facas. O fato do animal era retirado e preparado com muito zelo.
Uma criteriosa inspeção selecionava os animais destinados ao consumo humano, eliminando os porcos com “o mal do caroço”, usados para fazer sabão. Apenas os cascos e o pelo do porco não tinham serventia. O torresmo era um subproduto da banha muito apreciado.
Naquele tempo, óleos vegetais e margarinas não eram usados na região. A banha de porco era a gordura utilizada por todos.
Raul das Virgens a armazenava em latas de dezoito litros, lacradas com solda, eram despachadas para Salvador.
As padarias dependiam desse produto para fabricarem seus pães. A carne era comercializada na Feira de São Joaquim e nos antigos supermercados Paes Mendonça e Vasquez.
Difícil mesmo eram as longas viagens que Raul fazia todas as semanas à Capital, numa época em que os passageiros precisavam descer do carro, para empurrá-lo, na Serra do Tombador.
As estradas eram de cascalho, e gastava mais de um dia nessa viagem, nos períodos de chuva. Raul viajava, às vezes, levando três caminhões de mercadorias, hospedava-se Parada Hotel ou no Hotel Maia, dos espanhóis.
“Meu pai era uma pessoa que não tinha ambição: abatia uma rês e dava comida ao povo… Era um regionalista, era um social democrata”.
Foi dessa forma, fazendo a ligação entre a produção da região e o mercado consumidor da Capital Baiana, que Raul das Virgens se firmou como um dos grandes empreendedores de sua época, estimulando o plantio de milho e a criação de suínos entre os agricultores.
“Meu pai era muito sério, ético, tanto do ponto de vista comercial, quanto do ponto de vista social” – diz o deputado Zé das Virgens.
Algumas vezes em que precisou de recursos para suas atividades empresariais, Raul das Virgens buscou ajuda com Clóvis Dourado e Nobelino Dourado, em Irecê, Seu Fausto, em Uibaí, Seu Lourenço, Zoroastro e Alfredo Machado, em São Gabriel, dentre outros.
Já bastante conhecido na região e respeitado pela sua atividade empreendedora, Raul foi eleito vereador, na então Vila de São Gabriel.
O advogado Pedro Paulo, descreve seu pai assim:
“Ele foi um empreendedor na Região de Irecê, respeitado por todas as famílias, atuante nos diversos segmentos sociais, comercial e político. Deslocava pessoas carentes para tratamento em Salvador e fazia o bem sem escolher a quem”.
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Biografia Zé das Virgens / José Carlos Dourado das Virgens – Parte 2
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JANDA DAS VIRGENS CAIADO diz
OLÁ AMIGO,OU PARENTE JOSÉ DAS VIRGENS.MEU PAI JOSÉ DAS VIRGENS,NASCIDO EM BOM CONSELHO ,HOJE CÍCERO DANTAS NO ANO DE 1896 EM 16/10.TAMBÉM UM SOCIALISTA QUE VIVEU PARA AS CAUSAS DOS MENOS FAVORECIDOS.SERIA POSSÍVEL UMA PESQUISA ,JÁ QUE O AMIGO É LIGADO NA CAUSA.SABEMOS QUE ERA AFILHADO DO DESEMBARGADOR DANTAS FONTES,E VEIO PARA SALVADOR AINDA ADOLESCENTE COM O PADRINHO.SEGUNDO ELE ,MEU PAI, A MÃE ERA JOSEFA DAS VIRGENS E O PAI JOSÉ.A MÃE MORREU CEDO .O VÔ DÉ,AJUDOU UM POUCO.TINHA UM TIO NOLASCO,IRMÃ OTÍLIA,QUE CONHECI,O IRMÃO OZANO ,BOÊMIO EM SALVADOR.E A IRMÃ ANA.CASOU-SE COM MARIETA MACEDO,E NO SUL DA BAHIA FUNDOU A COOPERATIVA DOS CACAUICULTORES NA ÉPOCA DA GUERRA.NO ESPIRITO SANTO TRABALHOU ,E MUITO COM OS POSSEIROS DA REGIÃO DO CONTESTADO, FAZENDO CONGRESSOS E LEVANDO O POVO A EXIGIR SEUS DIREITOS.FICO AGUARDANDO UMA COMUNICAÇÃO DO AMIGO E DESDE JÁ MUITO OBRIGADA.
Jackson Rubem diz
Obrigado, Janda, pela sua participação.
FLAVIO FERREIRA DAS VIRGENS diz
BOM DIA, JOSÉ CARLOS !
ESTAVA NA NET QUANDO RESOLVI PESQUISAR SOBRE ESSE NOME POUCO COMUM ( DAS VIRGENS), E DOS DOIS QUE PRIMEIRO ME APARECEU FOI O SEU, E TENHO QUASE QUE CERTEZA QUE FAZEMOS PARTE DO MESMO GRUPO FAMILIAR, SE É QUE POSSO DIZER ASSIM!
GOSTARIA DE UM RETORNO SEU, MORO EM PERNAMBUCO HOJE NA CIDADE DE CABO DE SANTO AGOSTINHO.
rubem dourado diz
Caro parente Zé, bonita a história de sua origem, confunde alguns atos com minha vida, Seu Zuza pai de tio Zeca Mó que se casou com tia joaquina irmã de meu pai Adonias Carote, filho de mãe Flora, parabéns pela sua trajetória, você é e sempre será considerado um grande batalhador por melhores dias pra família.
Seu Zuza quando ia pra mocozeiro por dentro e a pé, passava pela nossa casa, guardo a imagem dele, tem muito a ver com joão dourado e lá tem raizes profundas na história deste município.