Coninuação da Parte 4

Algumas reflexões do professor Jorge Rodrigues

“Eu sou maçom, fundador do Rotary, do Lions, sou católico, fui batizado, crismado, fiz curso de igreja, cursilho, ECC – Encontro de Casais com Cristo – e se não fosse o celibato já teria feito Teologia. Acho que o homem precisa ter aprendizado e fé para dar sentido a sua vida”.

“O homem que não vive para dar um pouco de si em favor da comunidade, não serve para nada”.

“O caminho maior para o homem é o respeito aos seus pais e as pessoas, e a prática da solidariedade”.

“Temos de crer no Criador das coisas, na força superior que criou o mundo. Quando você vê um pássaro voar, e uma folha nascer, deve lembrar que alguém foi responsável por isso”.

“O homem é o que há de mais importante na Terra, pois é ele que mais se assemelha com Deus (Papa Pio XII). Se você não respeitar o homem e não viver carinhosamente, a vida não tem sentido”.

“Se eu pudesse, criaria o processo de igualdade nesse mundo, fazendo as pessoas dividir melhor o pão e gerar mais oportunidade de trabalho para todos”.

“Quando eu era pequeno, o meu sonho era ser advogado, aliás, eu sou bacharel em Direito, mas eu te confesso, com toda sinceridade, que fiquei frustrado com o exercício da profissão, porque nem sempre os princípios éticos, morais e da própria cidadania são respeitados. Sinto-me muito mais feliz como educador”.

“Hoje eu faço educação com muito gosto, mas com certeza faria muito bem também as atividades relativas a produção de eventos artísticos”.

“A despeito de minha idade (já passei dos 50), ainda penso em estudar. Gostaria muito de fazer psicologia ou história, quem sabe, os dois”.

“Dr. Mário se dizia ateu, mas montava em um cavalo e viajava 50 km para atender a um paciente, às vezes sem receber nada. Então ninguém acreditava em Deus mais do que ele, que tinha Deus em seu interior”.

“Acho que o dinheiro só é bom na medida em que satisfaz as suas necessidades. Não adianta ter só por ter. Entendo que o homem vale pelo que ele é e não pelo que tem”.

“Leio a Bíblia diariamente, principalmente o Novo Testamento. Admiro profundamente a história de Cristo. Dedico também boa parte do meu tempo à minha relação com o povo, e gosto muito de fazer reflexões sobre as minhas atitudes e acho que ganho muito com isso”.

“O casamento foi uma grande realização em minha vida, por conta da felicidade vivida com minha esposa e meus filhos”.

A importância do CCAA

“Eu acho que minha escola é uma extensão da comunidade”.

Na opinião do ilustre educador, a violência chegou a um ponto em que somente com uma ação decisiva do governo poderia ser combatida. Não uma ação de poder, mas uma ação de trabalho preventivo, visando colher os frutos daqui a alguns anos.

“Acho que somos quase impotentes para combater a violência no estágio em que ela está. Podemos combater a violência daqui a 10, 15 anos, preparando nossos jovens, dando-lhes uma escola descente”.

“Eu tenho lutado muito, em Irecê, para trazer a família para dentro da escola. Estou com a tarefa mais difícil do país que é a de fazer uma educação com qualidade”.

Segundo Jorge, podemos fazer um trabalho mais efetivo de combate à violência, atendendo as pessoas em casa, fazendo controle de mães de família que engravidam, a alimentação que usam, a medicação, se fuma, se bebem, etc.

“O filho que nascerá de uma mulher desse tipo já nasce sequelado. Está fadado a viver uma vida contraditória, com forte tendência a se tornar um marginal”.

É preciso que se crie um departamento especial para cuidar disso: ter um cadastro das mulheres que estão esperando filho e qual o estado de cada uma. Na opinião de Jorge, tem de haver uma ajuda necessária para cuidar dessa criança, educando-a no ventre e fora do ventre.

“O menino tem que nascer nutrido, senão pode morrer com poucos dias de vida. A criança tem o direito de nascer com qualidade de vida”.

A preocupação do professor Jorge com a comunidade de Irecê, o carinho que tem para com todos, bem como suas profundas reflexões sobre como resolver problemas básicos, faz dele um homem preparado para resolver qualquer desafio.

“Eu pretendo construir um projeto administrativo para Irecê. Quem tomar posse como prefeito deve ouvir os diversos segmentos da sociedade. O que é que os agricultores, os empresários e os artistas pensam? O que é que os médicos pensam, acerca de uma medicina preventiva e da eliminação de gastos no futuro? E os professores com suas experiências com as crianças, adolescentes e jovens? Como resolver o problema da segurança? Discutir com o povo qual é o projeto viável para Irecê, mas agindo com os pés no chão, sem sonhar com coisas mirabolantes”.

“Cada filho que você coloca na escola, cada aluno que está na escola é um possível marginal que você está tirando da rua”.

Dificuldades da Região

Sempre preocupado com o desenvolvimento de Irecê, Jorge é um dos fundadores de importantes entidades como Associação Comercial de Irecê. No início, cuidou dela sozinho, usando recursos de sua escola. Viajou para diversos lugares do país, representando a ACI. Além disso, foi também um dos fundadores do Rotary, do Lions e lojas maçônicas e inúmeras associações em Irecê.

“Eu tenho a qualidade de lidar com facilidade com as pessoas. Por onde passei, lidei com problemas sem nunca usar a força, nem o grito. Eu sempre uso o diálogo”.

“A palavra foi feita para falar e não para dividir ninguém. Uso o recurso da palavra para juntar as pessoas”.

Segundo Jorge, uma das principais causas das dificuldades pelas quais vem passando a Região de Irecê é a falta de uma política agrícola definida, para que possamos viver a realidade que nós temos:

“Vivemos em uma região conhecida como a “Terra do Feijão”, só que plantar feijão aqui hoje, passou a ser a atividade mais arriscada, pois não se tem financiamento e nenhuma garantia de preço mínimo, além da dificuldade do ciclo de chuvas”.

Ele vê a necessidade da diversificação de nossas atividades, com ênfase para a agropecuária, principalmente a caprinocultura, uma alternativa para nós.

“Acho que existe um espaço enorme para a gente construir e viver aqui. Quero continuar aproveitando todo meu tempo, sem perder nem um instante, tendo em mente que todo dia é dia de recomeçar, todo dia é dia de fazer alguma coisa útil”.

Faculdade do Sertão

Um dos maiores benefícios para a Região,  na área educacional, foi à chegada da Unidade de Ensino Superior do Sertão da Bahia – UESSBA. Depois de muito esforço do professor Jorge Rodrigues, contando com a ajuda do amigo João Leão,  conseguiu  inaugurar a Faculdade do Sertão ou UESSBA.

A UESSBA começou com dois cursos Pedagogia e Administração de Empresas, suprindo, em parte, a grande carência de vagas para a universidade. É bem verdade que existe a Uneb, uma grande conquista da região, cujo movimento foi também encabeçado pelo professor Jorge. A demanda, contudo, é muito maior do que a UNEB vinha oferecendo.

Tão grave era o problema em nossa região que muitos jovens chegaram a fazer até quatro cursos de nível médio, por falta de uma oportunidade de entrar na universidade.

Além disso, uma parte da economia desta região, tão sacrificada pelas secas constantes, era retirada para a capital, ou para outros estados, onde os filhos desta região iam estudar.

E até se formarem, os pais tinham que gastar uma altíssima soma de dinheiro com hospedagem, transporte e estudo, o que, aliás, ainda acontece muito hoje. O sonho da UESSBA é suprir esta carência total.

Atualmente, com a oferta de cursos através da UESSBA, parte do dinheiro que iria para outros estados, fica em nossa região, contribuindo assim para a melhora econômica, especialmente na oferta de novos empregos com a mão de obra qualificada.

A Faculdade do Sertão é uma grande conquista de Irecê e Região, na pessoa de Jorge Rodrigues, um eterno lutador pelo progresso dessa terra.

“Eu quero me realizar como educador e estou feliz. Quando estou em outras cidades da região, às vezes fico até constrangido, quando ouço as pessoas dizerem: “Olha, você é hoje a maior referência na educação da região”. Eu tenho um orgulho enorme disso e sinto aquela força imensa, que me move a ser cada vez melhor, mais humano, mais humilde, mais amigo de todos”.

Além disso, o professor e empreendedor Jorge Rodrigues recebe muitos cumprimentos da comunidade pelo nome escolhido. Incluir a palavra sertão no nome de uma universidade é algo que somente os que amam muito isso aqui teriam coragem de fazer.

“Temos orgulho disso e a certeza que a Faculdade do Sertão será o veículo que vai levar para todos os rincões da Bahia e do Brasil a força, o valor e a capacidade do sertanejo”.

“Não devo terminar estas minhas palavras sem agradecer a força e a benevolência do Pai Celestial que todo dia me dá luz para conduzir a vida e registrar o meu mais profundo agradecimento a você Jackson Rubem e a todo o povo de Irecê pelo respeito e apoio que tenho recebido ao longo de minha vida”.

MAIS

Biografia professor Jorge Rodrigues – Parte 2
Biografia professor Jorge Rodrigues – Parte 4
Biografia professor Jorge Rodrigues – Parte 1
Biografia professor Jorge Rodrigues – Parte 3
A instalação do município de Irecê em 31 de maio de 1933

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