Fonte: Livro Irecê – A Saga dos Imigrantes e Histórias de Sucesso, do escritor Jackson Rubem. 534 páginas. Editora Print Fox, ano 2004. ISBN: 85-87498-05-3 (OBS: material protegido pela lei de Direitos Autorais. Caso você reproduza alguma coisa, favor citar a fonte).
Quem é Jorge Rodrigues
“O que eu faço, faço sempre com muito gosto. O sucesso de minha empresa de educação é resultado de intensa preocupação em tratar bem o ser humano, procurando lapidar seu caráter, transformando-o em um cidadão capaz de interagir com a sociedade e contribuir para a sua melhoria. Para mim esta realidade é a maior recompensa, até mesmo maior do que a financeira”.
Baracharel em direito – Técnico em Contabilidade – Secretário de Finanças da Prefeitura Municipal de Irecê (1977-1981) – Secretário de Educação (1977-1999) – Sócio Fundador da Associação Comercial de Irecê e presidente por 10 anos (1981-1991) – Sócio Fundador do Lions Clube de Irecê – do Rotary – da Loja Maçônica Renascença – Grão Mestre do Grande Oriente da Bahia – GOBA (1997/2002) – Coordenador de Fiscalização da Cidade de Salvador (1993/1994) – Criador dos Festejos de São João em Praça Pública de Irecê (1978) – Diretor do Colégio Comercial de Irecê (1976/1978) – Fundador do Colégio Cláudio Abílio Aragão (1979) e da UESSBA (Unidades de Ensino Superior do Sertão da Bahia), dos quais é diretor até hoje – Criador da Semana Inglesa (Projeto que fecha o comércio e outras atividades às 13hs do Sábado) – Fundador ao lado dos deputados João Leão e Itamar Saraiva da ADRI – Agência de Desenvolvimento da Região de Irecê (2001).
No povoado de Mata do Bom Jesus, no município de Brotas de Macaúbas, nasceu Jorge Rodrigues dos Santos, o qual viria a ser, sem dúvida, um dos mais ilustres filhos daquela terra e motivo de grande orgulho para seus genitores: Francisco Auto dos Santos, popular Chiquinho da Mata, por causa de sua origem e Dona Generosa Rodrigues dos Santos, uma mulher cujo nome diz tudo.
Chiquinho da Mata era um cidadão nômade. Uma pessoa determinada, um empreendedor que não se resignava diante das dificuldades e estava sempre mudando de lugar, buscando dias melhores. Dona Generosa, sua esposa e mãe de Jorge, era mais do que uma pessoa comum:
“Vejo minha mãe como uma santa, pela vida que ela levou e forma que nos criou e educou, dentro das suas limitações, mas com muita sabedoria e consciência”.
Jorge, juntamente com seus pais e demais irmãos, mudou para o povoado de Ipuçaba, no município de Oliveira dos Brejinhos:
“Eu ainda tinha 4 anos de idade, quando meu pai mudou da Mata de Bom Jesus, em busca de água e de educação para nós. Ele e minha mãe tiveram 20 filhos e tinham que buscar uma alternativa de vida, principalmente no campo da educação”.
As dificuldades de encontrar professor naquela época eram imensas, mas Chiquinho não media esforços para dar uma boa educação para seus filhos. Deste modo, contratou uma professora particular (professora Silvina), a qual dava aula para Jorge e seus irmãos, reunidos em torno de uma grande mesa.
Escola mesmo foi com Nadir, a primeira professora formada que Jorge teve. Depois foi a professora Adelaide, ambas naturais de Paratinga – Ba, que para chegarem até o povoado de Ipuçaba, levavam dois dias em lombo de cavalo.
Os seus primeiros estudos obedeciam a metodologia rudimentar, muito utilizada na época, que era de classes multisseriadas, que ia do ABC, até a 5ª série primária, que era o 1º período do ensino fundamental. Para ter acesso ao curso ginasial, fez o curso de Admissão ao ginásio que era um verdadeiro vestibular na época.
“Estas dificuldades da época me fizeram terminar o ensino fundamental já com mais de 20 anos de idade, embora tenha feito apenas um concurso de admissão ao ginásio”.
Dos irmãos de Jorge, apenas Gilberto e Vitória tiveram a oportunidade de estudar fora, no Colégio São João, em Januária/MG. Esta iniciativa exigia investimento financeiro muito grande, em função do enxoval e do custo da mensalidade (internato). O que fez Chiquinho da Mata, seu pai, optar por mudar mais uma vez em busca de educação para todos. Primeiro para Ibotirama, depois para Bom Jesus da Lapa.
“Meu pai é um grande ídolo para mim e meus irmãos, por conta da sua decisão de não só nos criar, mas principalmente educar. Era um homem pobre de recursos, porém rico de espírito e esperança. Foi lutando como capanguinha (nome de quem comprava e vendia cristal) que ele, ao lado de minha mãe, se transformou em nosso orgulho”.
Trabalhando desde a infância
“Embora meu pai nunca deixasse nos faltar até mesmo dinheiro para as festinhas, eu sempre procurei alguma forma de ganhar meu próprio dinheiro. Trabalhei como engraxate e cabeleireiro masculino. Fazia uma caixinha de madeira, equipava com tesoura, pente e navalha e ia cortar o cabelo, onde era chamado, quando o cliente não podia vir até a tendinha. Fazia isso para poupar sempre as economias do velho, que eram muito suadas”.
Chiquinho da Mata, com as economias, produto da atividade de um capanguinha, conseguiu comprar um caminhão. Jorge ficou muito contente, pois tinha a possibilidade de viajar com o pai (mesmo como ajudante), conhecendo outros lugares.
As viagens, inicialmente, eram de Ipuçaba a Vitória da Conquista, onde se levava produtos da terra e trazia as novidades do admirável mundo novo. Depois, elas ficaram mais restritas a região de Oliveira dos Brejinhos a Ibotirama para onde se levavam os produtos da região, conhecida naquela época como centro (coco, banana, laranja, farinha, tapioca, couros e peles). De lá se traziam produtos industrializados (sabão, açúcar, sal, biscoitos, café, soda caustica e outros).
Neste tempo o trabalho era dobrado, pois além de cuidar de couros e peles com os inseticidas da época ainda vendia os produtos na rua, em uma carrocinha. Quando o vapor apitava (o Gaiola do São Francisco que transportava turistas), tinha que correr para o cais, com a carrocinha carregada de frutas.
Chiquinho da Mata que já tinha uma fazenda, no provado de Ipuçaba, ia sempre colocando uma cabeça de gado a mais e já contava com mais de 200, que ficava sob os cuidados de Jorge e seus irmãos, bem como o engenho de cana e casa de farinha da fazenda, além das cercas e plantios como cana, mandioca e capim. Neste caso contavam com a ajuda de alguns agregados.
“É pena que não podemos passar aos nossos filhos a mensagem de trabalho que tivemos, pois hoje eles preenchem com os estudos. Nós compreendemos ser a realidade mais adequada para os dias de hoje”.
A grande mulher de sua vida
Aos seus 18 anos, quando cursava o ginásio (5ª a 8ª série), em Ibotirama, teve oportunidade de conhecer melhor a sua colega de classe, Eurídice, uma garota travessa, cabelos longos e muito bonita que tinha apenas 14 anos de idade.
Jorge, embora seu vizinho, não tinha percebido esses atributos, mas não resistindo lhe consultou com dois quadrinhos desenhados em uma folha de banana se ela queria lhe namorar. Teria apenas que marcar sim ou não. E a folhinha voltou marcada com sim.
Essa brincadeira lhe permitiu conhecer a mulher de sua vida com quem se casou depois de 4 anos deste dia e que hoje já se passaram mais de 34 anos de casados e de pura felicidade.
Deste casamento bem sucedido, marcado pelo amor e pelo respeito, desde o dia em que se conheceram, ele com 18 e ela com 14 anos, até os dias de hoje, surgiram três filhos: Luciano, estudante de Engenharia em Telecomunicações, Giuliano, formado em Comunicação com Relações Pública e estudante de Direito e Cristiano, estudante de música na Universidade Federal da Bahia e músico da banda Estakazero.
“O que mais gosto nesta vida é de saborear o clima de harmonia e afeto entre mim, minha mulher e meus filhos e convívio com todos nossos familiares e amigos. Muito me assusta o sentimento de arrogância, prepotência, desrespeito, desonestidade e ingratidão”.[Continua na Parte 2]
MAIS
Biografia professor Jorge Rodrigues – Parte 2
Biografia professor Jorge Rodrigues – Parte 5
Biografia professor Jorge Rodrigues – Parte 4
Biografia professor Jorge Rodrigues – Parte 3
Saiba porque o escritor e educador Rubem Alves é tão importante para o Brasil
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