Fonte: Livro Irecê – A Saga dos Imigrantes e Histórias de Sucesso, do escritor Jackson Rubem. 534 páginas. Editora Print Fox, ano 2004. ISBN: 85-87498-05-3 (OBS: material protegido pela lei de Direitos Autorais. Caso você reproduza alguma coisa, favor citar a fonte).
Paulo Heber: primeiros estudos, primeiros trabalhos
Paulo Heber, um dos mais requisitados profissionais na área de engenharia na região de Irecê e bem sucedido empresário da construção civil, casado com a bioquímica Yeda Pamplona Cunha, é pai de dois filhos: Lorena Cristina Pamplona Cunha e Heber Leonardo Pamplona Cunha. Nasceu na cidade da Barra e estudou as primeiras letras no Colégio Santa Eufrásia. Veio para Irecê, em 1970.
Chegou a Irecê, ainda criança e teve uma adaptação difícil, mas foi superando tudo pouco a pouco. Estudou no Colégio Teotônio Marques Dourado, Colégio da Fraternidade e Colégio Polivalente.
Após estudar a oitava série, o jovem empreendedor sabia que seu futuro não era permanecer em Irecê, com um simples segundo grau. Decidiu então abandonar o sertão temporariamente, indo para Salvador, onde permaneceria de 1975 a 1984.
Estudou o segundo grau, no Colégio Central, em Salvador, formando-se como Técnico em Química, depois fez vestibular e passou, primeiro na Católica, e em seguida na Universidade Federal da Bahia:
“Minha mãe sempre nos incentivou a estudar. Ela passou por muitas dificuldades para formar seus filhos, mas conseguiu dar a cada um deles mais de um curso de segundo grau”.
“Quando passei no vestibular foi uma emoção enorme, porque o período de vestibulando é muito tenso e no meu caso ainda era pior: eu tinha saído do interior, para encarar as adversidades da capital”.
Na família de três irmãos, Elma, Edna e João, Paulo Heber foi o único que teve a oportunidade de estudar em Salvador, disposto a ter um curso de nível superior.
Um dos motivos de largar o conforto da proximidade da família e enfrentar o sofrimento da grande cidade, foi o incentivo dado pelo ilustre professor João Almeida, de Central, o qual lhe dizia: “Você faz parte de um pelotão de elite do Polivalente, deve portanto ir para um grande centro continuar seus estudos”.
Trabalhava como engenheiro na empresa Beltran e executou várias obras no Polo Petroquímico de Camaçari, nas seguintes empresas: Copene, Rhodia, Acrinor, Policarbonatos, Nitrocarbono, Ciquine, CPC, Isocianatos, etc. Além disso, executou obra para a Petrobras.
Em Salvador, fez diversas avaliações de imóveis para a Caixa Econômica, além de participar da ampliação do supermercado Atacarejo e da construção da Churrascaria Porcão.
Descendente de empreendedores
Sua mãe, Maria de Lourdes Paes da Cunha, uma empreendedora nata, era proprietária de um hotel em Barra.
Ela costumava viajar para Salvador. Certa vez, vindo da Capital, o ônibus em que viajava quebrou em Irecê. Como o conserto ia demorar muito, ela procurou um hotelzinho e pediu uma cama para descansar.
Saiu para conhecer melhor o lugarejo chamado Irecê. Quando retornou, a cama solicitada para o repouso não havia sido arrumada. Ela então disse: “Aqui é um bom lugar para implantar um hotel, uma vez que as pessoas não ligam para o cliente”.
Maria de Lourdes, uma viúva com quatro filhos pequenos, começou a arquitetar sua mudança para Irecê, mesmo não conhecendo quase ninguém no lugar.
Poucos meses depois, inaugurava em Irecê o Hotel Rex, que ficava atrás do Armazém Paraíba e hospedava imigrantes, entre os quais pessoas que se tornaram grandes empreendedores, a exemplo de Paulo Renato (Móveis Guanabara), Antonio Fernandes (Tonho do Fubá) e José Rodrigues (Café Irecê), Aluízio Melo (Melivel), Paulo Calado (Vical), etc.
O marido dela, Paulo Carneiro, fazendeiro e comerciante bem sucedido, na cidade da Barra, sofrera um acidente. Um pedaço de pau pontiagudo penetrou em seu joelho e ele faleceu em consequência disso, mesmo sob cuidados médicos.
Passagem pela Reusi
Logo que chegou a Salvador, estava sendo fundada a REUSI – Residência de Estudantes Universitários e Secundaristas de Irecê.
Foi convidado pela comissão fundadora para participar da residência, mas não aceitou inicialmente, uma vez que já estava definido com o pensionato, onde passou um semestre.
No segundo semestre, teve a honra de entrar para REUSI, convidado pelo ilustre amigo Ernane Dourado Lopes. Durante o curto período em que ficou na REUSI participou de uma importante eleição para a nova diretoria e foi eleito. Ficou um período na vice-presidência e outro na presidência.
Dentre as medidas revolucionárias e curiosas, em seu período de presidente, Paulo Heber baixou uma MP (Medida Provisória), proibindo servir nas refeições “peito de galinha” para Sinobelino Dourado, que segundo ele era uma prescrição médica. Na época Sinobelino era estudante de medicina e ex-diretor.
África do Sul ou Sambódromo
Paulo se destacava bastante em suas atividades. A Beltran, empresa que trabalhava, resolveu enviá-lo para o Rio de Janeiro, onde construiria o Sambódromo.
Mas surgiu outra opção, oferecida pela empresa, que seria exercer sua profissão de engenharia na África do Sul. Lá construiria uma obra de grande relevância.
Durante aquele período conturbado em que estava bastante indeciso entre as duas opções, Sambódromo ou África do Sul, surgiu uma terceira opção. Recomendado por Abderman Castro Dourado, amigo da família, recebeu convite do grupo do então deputado Edivaldo Lopes, formado por Hildebrando Seixas (Doinha), prefeito de Irecê, Osvalter Rodrigues Vilela (Valtinho), vice-prefeito e pai de Lapão, Ricardo Rodrigues, para retornar a Irecê e assumir a direção da Embasa.
Como seu maior desejo era retornar ao sertão, decidiu voltar. Irecê estava precisando dele, mais do que outros lugares. Logo que chegou assumiu a direção da Embasa, onde fez um magnífico trabalho.
O gerente que construiu a sede da Embasa em Irecê
Ao assumir a direção da Embasa, notou a existência de um grande problema: várias unidades da empresa ficavam em lugares distintos. A sede de operação, por exemplo, ficava na Av. Caraíbas e o Laboratório de Análise de Água e o Secad-Setor de Cadastro em outros locais. Além disso, havia uma carência de imóveis para alugar.
“Às vezes arrumava uma casa, mas perdia tempo com reforma. Para falar com o químico ou com alguém do cadastro, era preciso mandar alguém ir procurá-los, pois não tinham telefone. Havia uma administração inerte com funcionários espalhados e sem comando.
Logo que Paulo assumiu, conseguiu concluir a sede do Polo. Em seguida construiu Oficina Mecânica, Oficina de Hidrômetro e ampliação do almoxarifado, além dos escritórios de operações de: Irecê, Morro do Chapéu, João Dourado, Ibititá, Ibipeba, Canarana, Barra do Mendes, Central e Cafarnaum.
O endereço da empresa era conhecido como Acesso para Lapão e o lugar, onde começou a funcionar era tão ermo que todo mundo dizia: “Você é maluco, rapaz! Vai mudar para o mato!” Então Paulo Heber dizia: “Irecê tem que crescer. É dessa maneira que contribuímos para o seu crescimento”.
Hoje testemunhamos que é uma das mais aconchegantes área de órgãos públicos de Irecê.
Desde aquele dia já sentia que Irecê tinha que ser descentralizado, por isso mudou a Embasa para o ermo, levando água, luz e telefone. Outros segmentos empresariais mudaram para as proximidades, entre os quais a Casa dos Implementos, a Churrascaria e outras empresas.
“Eu acho que o sucesso é fruto do trabalho. O sucesso não cai do céu. Se você não for à luta, não trabalhar, não se dedicar, então não vai colher os frutos. O sucesso do homem está no trabalho”.
Na sede da Embasa, idealizou também três jardins, que seriam irrigados com água puxada por um cata-vento, que movimenta com energia eólica. O cata-vento estaria puxando a água de um poço artificial, com certo diâmetro de largura e um certo volume de água. A água puxada pelo cata-vento seria jogada em uma espécie de fonte luminosa, irrigando primeiro jardim, depois circularia e irrigaria o segundo e o terceiro jardins. A fonte seria realimentada de acordo com a necessidade.
Tudo aquilo seria para simbolizar o homem sertanejo, que se mantém no campo trazendo água do subsolo, principalmente de cacimbas.
O trabalho efetuado por ele, construindo uma das sedes mais espaçosas e bem arejadas da Embasa, se compararmos com as outras, mereceu elogios por parte do então secretário de saneamento César Borges, quando se reuniu com os prefeitos da região naquele local.
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