Fonte: Livro Irecê – A Saga dos Imigrantes e Histórias de Sucesso, do escritor Jackson Rubem. 534 páginas. Editora Print Fox, ano 2004. ISBN: 85-87498-05-3 (OBS: material protegido pela lei de Direitos Autorais. Caso você reproduza alguma coisa, favor citar a fonte).
A mistura de Cavalcante com Machado
“Eu gosto mais de servir do que ser servida e isso para mim não tem nada a ver com ser médica ou deixar de ser. Fico triste quando alguém perto de mim está sofrendo e eu não posso ajudar, porque nem sempre a gente pode. Ninguém pode tudo nessa vida”.
No início do século passado, Aristóteles, um pernambucano da família Cavalcante, uma das maiores do Brasil, chegou a Xique-Xique depois de uma longa viagem via fluvial e de lá partiu para Gameleira do Assuruá, atraído pelos famosos garimpos.
Trabalhou como garimpeiro e também como alfaiate, sendo um excelente profissional e mestre.
Tempos depois, conheceu uma bonita jovem de nome Amélia por quem ficou apaixonado. Os dois casaram-se e tiveram filhos e filhas entre as quais Enaura.
Aristóteles mudou-se para Uibaí, juntamente com a família. Naquele lugar montou uma alfaiataria e abriu uma escolinha para ensinar a arte para outras pessoas. Um dos interessados chamava-se Miguel o qual se engraçou com Enaura e assumiu compromisso com ela, sofrendo grande resistência por parte de sua família.
Naquele tempo a família Machado era tão tradicional quanto à família Dourado e proibia casamentos com estranhos. Só casavam eles com eles e o próprio Miguel já estava predestinado a se casar com uma prima, escolhida pela família, a exemplo de seus irmãos e irmãs, que se casaram com primas e primos carnais. Apenas dois resistiram: Arcênio que casou com Adélia, de Umbuzeiro e Miguel que casou com Enaura:
“Foi terrível porque a família dela era o oposto da família de pai. Na época a família dela era família de alfaiate, com muitos irmãos, todos unidos e farristas. Já a família de pai não bebia, não fumava, não jogava, era completamente o oposto. Todos eram casados com parentes e mãe sofreu muito para entrar na família de pai”, diz Dra.Minaura.
“Seu Miguel” lembra-se de quando foi casar com Enaura e sua mãe lhe dizia: “Meu filho não entre nessa família não, ali os filhos são criados como filhos de perdiz”. E ele perguntou a mãe “E como é filho de perdiz?” E ela respondeu: “Perdiz é assim: o filho nasce, ganha o mundo e vai se virar. Só fica perto da mãe quando está no ovo”.
Mas Miguel estava apaixonado e não ouviu os conselhos da mãe. Casou-se com Enaura e os dois vivem felizes até os dias de hoje. Do casamento nasceram os filhos: Luiz, Machado, Vera e Minaura.
Enquanto viveu, o sogro de Miguel, o pernambucano Aristóteles Cavalcante deu imensa contribuição no ramo da alfaiataria, ensinando sua arte para dezenas de pessoas.
Vários tios de Dra. Minaura, dentre eles Menininho e Ninitinho aprenderam a profissão e se tornaram especialistas na costura de calça masculina. Outros faziam blaser e Ninito que confeccionava o terno completo, deixou Uibaí, há algumas décadas, mudou-se para São Paulo e arranjou emprego em órgão do governo, para confeccionar uniformes para o exército. Trabalhou até se aposentar e então retornou para Uibaí, sua terra natal.
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Valdi Biocomp diz
Parabéns Jackson Rubens, esttou curtindo e aprendendo muito com as biografias por você publicadas.
Jackson Rubem diz
Olá, Valdi Biocomp
Obrigado, amigo, pelas palavras de incentivo. Vou publicar outras biografias.
AKarneiro diz
Olá Jackson, gostei muito dessas biografias, deixa registros de que fez muito pela nossa cidade… um abraço
Jackson Rubem diz
Meu amigo e incentivador, AKarneiro. Obrigado pelo comentário. Pretendo colocar outras biografias que escrevi, acredito que se aproximará de 30. Um abraço.