Esta biografia faz parte do livro: IRECÊ: A SAGA DOS IMIGRANTES E HISTÓRIAS DE SUCESSO, escrito por Jackson Rubem.
Dr. José Domingos
“Sou crente na civilização do amor. Todos os dias, pela manhã e à noite, penso nesta civilização. Acho que o mundo só vai ficar bom, quando o amor predominar em todos os segmentos da nossa vida relacional (casal, família, trabalho e sociedade), porque onde tem o amor, tem a alegria. A falta de amor é o que traz a tristeza, a raiva e o medo.”
A família
Domingos Leandro, pai do Dr. José Domingos, foi um notável cidadão em Uibaí, não só pela sua honestidade, mas também pelo fato de, mesmo sendo um homem nascido no sertão, onde a luta pela sobrevivência é o mais importante, conseguiu enxergar o valor da educação, acima de tudo.
Teve muitos filhos e a todos deu curso superior.
Apesar da coragem de ter tantos filhos, resistiu muito para não casar, dando um enorme trabalho a sua noiva Idalice.
A partir desta resistência, começou, então, a influência dos médicos na família.
Um médico de Xique-Xique, que trabalhava em Belo Horizonte como otorrinolaringologista e retornou para o sertão, porque sua esposa Dona Darzinha adoecera.
Darzinha precisava de um lugar de clima bom para recuperar, por isso escolheu Uibaí. O casal ficou hospedado na casa de Domingos que na época era solteirão.
Durante as prosas, o médico e sua esposa diziam: “Mas Domingos, um rapaz na sua idade, 32 anos e ainda não ter encontrado uma moça que lhe agrade para casar”!
Ele então disse-lhes: “Já encontrei, sim”.
É que dias antes, Domingos conhecera, na sua loja, uma jovem bonita chamada Idalice, que estava acompanhada de uma tia, comprando um enxoval para casamento.
Domingos gostou dela desde o primeiro instante em que a viu e receou que o enxoval fosse para o casamento dela. Então aproximou-se da tia dela e perguntou. A tia disse que não, deixando-o aliviado.
Os dois começaram a namorar, mas ele não tinha pressa para casar. Acontece que ela era uma mulher determinada e não estava disposta a esperar muito tempo por um casamento. Disse para ele: “Ou a gente casa, ou a gente separa de uma vez por todas”.
Como Domingos Leandro a amava muito, preferiu casar logo a perdê-la.
Casaram e viveram felizes, enquanto durou a vida dele.
Tiveram os filhos:
José Domingos Machado, Renato D. Machado, Fernando D. Machado, Maria do Carmo Machado Rossi, Vilmar D. Machado, Maria Lúcia Machado, Pedro D. Machado.
O sertanejo que deu universidade a 7 filhos
Apesar de ter proporcionado estudo para tantos filhos, Domingos lamentava-se porque não pôde realizar o seu maior desejo que era estudar e se formar.
O máximo que conseguiu, foi estudar onze meses com D. Cassimira que era professora particular. Estudou seis meses em uma “seca” e os cinco meses na outra, porque no “verde” ajudava o pai na roça.
Desejou estudar em Barreiras, no mesmo colégio onde estudou políticos famosos como Antônio Balbino e Josafá Marinho, mas a mãe não permitia que os filhos morassem longe dela. Por ser um católico, fiel às normas da igreja de respeitar pai e mãe, Domingos preferiu abandonar os sonhos e ficar perto da mãe.
Por volta de 1950, Domingos foi eleito vereador de Uibaí.
Na época, o governo promovia a construção de prédios escolares em toda zona rural do país e coube a ele, como vereador, acompanhar a construção do primeiro prédio escolar de Uibaí.
O prédio tinha uma sala de aula, um pátio e um apartamento para a professora, mas não tinha a professora.
Isso acontecia, porque Uibaí era vila de Xique-Xique e ninguém daquela cidade queria vir morar na vila. Os que vinham acabavam adoecendo de saudade, pois o retorno era difícil, devido à falta de transporte e as péssimas estradas.
Iam estudar no Colégio Santa Eufrásia
Durante muito tempo era difícil conseguir professores para Uibaí.
Mas com o passar dos anos, muitas alunas se formaram como professoras em escolas importantes como Colégio Santa Eufrásia, em Barra do Rio Grande e o colégio evangélico, em Ponte nova, atual Vagner.
Estas professoras retornaram para Uibaí, entre elas Aurelina, Anete, Corália, Hélia e Gildete.
Domingos foi um dos grandes incentivadores para que as pessoas de Uibaí retornassem para sua terra, depois de formadas.
Para ele, “Só filho da terra sabe dar valor a própria terra. O de fora fica algum tempo, depois retorna às suas origens”.
Domingos não conseguiu estudar fora por imposição da mãe, mas trabalhou bastante em prol dos filhos e da esposa. Fazia um grande esforço para dar condições aos seus filhos de estudar o que quisessem, não importava a distância.
Todo este empenho de homem sertanejo, que não mediu esforços para dar um diploma universitário aos filhos, tinha admiração no seu xará, Domingos Milheiro, mais conhecido como Domingos Português, esposo da professora Anete Machado.
Coincidência ou não, todos os filhos de Domingos Leandro Machado fizeram científico no Colégio Estadual da Bahia e se formaram na Universidade Federal da Bahia, cabendo a cada um escolher a profissão que queria ter:
Dr. José Domingos Machado (Médico); Dr. Renato D. Machado (Médico); Dr. Fernando D. Machado (Engenheiro Mecânico); Dra. Maria do Carmo Machado Rossi (Engenheira Civil); Dr. Vilmar D. Machado (Médico); Dra. Maria Lúcia Machado (Psicóloga); Dr. Pedro D. Machado (Odontólogo).
Onze anos e uma decisão: ser médico
Dr. José Domingos Machado nasceu em Uibaí, terra amada, em 1951, e lá passou sua infância.
A professora primária Maria Floraci Guedes, de Barra do Rio Grande, o alfabetizou. A mãe dela era de Uibaí e ficava hospedava com os avós de José Domingos.
Estudou em Uibaí até a metade da 5ª série. Logo após viajou para Xique-Xique e se submeteu a um teste de admissão.
Passou no teste e ficou quatro anos e meio naquela cidade, estudando o curso de Admissão e o Ginasial.
Nesse período de estudos, os médicos exerceram grande influência em sua vida, principalmente por causa da amizade sincera que tinham com seu pai e a sua mãe.
Um destes médicos chamava-se Dr. Clodoaldo, mais conhecido como Dr. Dozinho, o qual costumava trazer presentes para ele e os seus irmãos. Além dele, o Dr. Elson Bessa e a Dra. Joselita, sua esposa, foram grandes amigos da família.
Assim, Dr. José Domingo decidiu ser médico aos onze anos.
E conservou esta determinação, durante todo o tempo até concluir a sua fase inicial de estudos no sertão.
No mês de setembro de 1965, fez amizade com Eliecim Rodrigues Fidelis, considerado pela família como um irmão.
Aos 16 anos foi para Salvador com Eliecim e lá matriculou no científico no Colégio Estadual da Bahia, onde fez o científico.
O tempo não apagou a amizade dos dois. Tornaram-se compadres.
Leia mais:
- Biografia Dr. José Domingos – Parte 2
- Dr. José Domingos – Civilização do Amor – Parte 3
- Biografia Dra.Minaura / Minaura Machado Moreira – Parte 1
- Biografia Dra.Minaura / Minaura Machado Moreira – Parte 2
- Biografia Dra.Minaura / Minaura Machado Moreira – Parte 3
- Apresentação do livro Irecê: História,Casos e Lendas
- O fim da humanidade está chegando? Cientistas dizem sim e explicam